quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A Palavra dos Outros: Tex por José Carlos Francisco

Embora eu não seja fã do Tex, considero que existe uma larga base de leitores assíduos desta personagem. Assim o provam mais 27 milhões de cópias vendidas nos quase 4 anos da republicação das histórias a cores na colecção que encerrou recentemente na Itália.
Assim sendo, o Tex era uma lacuna neste blog e para falar deste cowboy ninguém melhor que José Carlos Francisco, grande coleccionador e amante confesso da personagem. Para mim seria difícil falar com propriedade de Tex, apenas tenho um "Tex Gigante", e esta rubrica "A Palavra dos Outros" vem ajudar-me também a tapar lacunas de BD que muito dificilmente eu conseguiria preencher neste blogue!
Sem mais delongas: TEX

TEX, o ranger sem fronteiras

A PERSONAGEM
Tex é uma personagem de Banda Desenhada, criada em 1948, pela dupla Giovanni Luigi Bonelli e Aurelio Galleppini na Itália, sendo hoje em dia uma das personagens de western, com maior longevidade na história da Banda Desenhada a nível mundial, sendo editado em diversos países do mundo, inclusive no nosso país, onde teve uma edição especial totalmente produzida em Portugal, que circulou junto ao jornal Correio da Manhã, no domingo 14 de Agosto de 2005, integrado na colecção da Série Ouro, Os Clássicos da Banda Desenhada.
Tex nasce por vontade de uma jovem empreendedora, a senhora Tea Bonelli (1911-1999), que no imediato pós-guerra havia herdado do ex-marido Gianluigi Bonelli a propriedade da pequena editora Audace. Em 1948, ao pretender modificar a sua linha editorial, criando novas séries e parando com as meras reimpressões de histórias antigas, que já haviam esgotado o seu público, chama a Milão o desenhador Aurelio
Galleppini e convidou-o para desenhar um novo herói que fizesse par com o velho Furio, personagem de ponta, até aquele momento, do título “L’Audace” e confia os textos ao seu ex-marido, G.L. Bonelli, notável argumentista. Juntos, ambos criam Tex, um western como muitos que se faziam naqueles tempos, mas que estava fadado ao sucesso.
Inicialmente o nome escolhido foi Tex Killer, porém, o nome Killer, que em inglês significa assassino, não agradava à senhora Tea Bonelli, que decide, então, substituir o K por um W. Já graficamente, Tex quanto ao rosto, era uma mescla de Gary Cooper e do próprio Galleppini.
E foi no dia 30 de Setembro de 1948 que surgiu a primeira história de Tex. Chamava-se “Il Totem Misterioso” e já no primeiro quadradinho vemo-lo decidido, pistola em punho: “Por todos os diabos, será que ainda estão nas minhas costas?”. Começava assim a saga de um dos mais famosos cowboys da Banda Desenhada.
No começo, as histórias eram publicadas no formato de tiras com o máximo de 3 quadradinhos. Cada semana saía nos jornais italianos uma tira, obrigando os leitores a comprar a próxima edição para chegar ao fim da aventura, o que acontecia após 32 páginas, ou 96 tiras. Essa estratégia culminou num sucesso incrível na Itália e o que inicialmente era para ser apenas mais uma
personagem entre tantas outras que apareciam naquela época, o ranger fez tanto sucesso que e editora decidiu pela publicação de uma revista. As tiras foram todas compiladas, sendo que em cada página da revista havia no máximo 3 tiras, como nos dias de hoje. Apesar de o público em geral poder considerar as histórias pouco apelativas devido ao facto do seu grafismo ser a preto e branco, os admiradores das aventuras de Tex salientam a riqueza de informações, referências e verosimilhança histórica.
Além de muita acção em todas histórias, com chumbo grosso a voar por todos os lados, o que torna a leitura interessante é o conhecimento que as histórias trazem. O leitor fica inteirado da cultura dos índios, da vida dos pioneiros, de episódios marcantes e reais na história dos Estados Unidos da América, dos hábitos da época… Detalhes mínimos foram pesquisados antes de se tornarem texto e desenhos, para que o leitor tivesse a noção exacta do ambiente em que se passavam as aventuras. Tex pretendia aliar cultura e diversão e isso pode justificar o seu sucesso em muitos países do mundo.

A HISTÓRIA
Outro factor decisivo para o sucesso é o bom humor, quase sempre presente nas histórias. A comédia acontece principalmente quando Kit Carson, o parceiro de Tex, começa com a sua onda de pessimismo e reclamações, mas não há dúvida que o principal motivo que faz de Tex um sucesso é a
acção constante das aventuras e o seu senso de justiça. Tex é um atirador preciso tanto com a espingarda como com a pistola e não nega ajuda a quem quer que seja para combater injustiças. Também é um óptimo cavaleiro e sabe usar muito bem a faca e o laço. Além disso, Tex também é um lutador exímio em diversas modalidades.
Tex fascina logo no primeiro contacto por ser uma personagem com carácter humanitário que, embora vivendo num ambiente hostil e selvagem, sempre luta para fazer triunfar a justiça.
Diferente dos heróis da época, Tex é um homem duro. Sem hesitações, julgando as pessoas com um único olhar, não é uma personagem destinada às crianças, mas a um público mais maduro. A linguagem de Tex é também bastante dura e violenta e mostra-nos um Tex mais “vil” que o dos dias de hoje. Na realidade, Tex é um justiceiro decidido, capaz de agir fora da lei se a situação assim o exigir.
Tex é um Ranger do Texas, é o representante da lei em qualquer lugar do Estado por onde passa. Além disso é o chefe dos Navajos com o nome de Águia da Noite, bem como seu agente indígena. Enfim, um homem temido e respeitado, no Oeste tido como uma lenda e que é também um defensor dos injustiçados, quer sejam eles índios ou brancos.
Apesar de no primeiro número da
versão original G.L. Bonelli fazer referência a 1898, e poucas edições depois falar da Guerra de Secessão (1860/1865), prova que na verdade, no início a documentação era praticamente inexistente e o autor escrevia sem muito rigor. Assim, relegando os primeiros álbuns que não são confiáveis para a cronologia de Tex, podemos datar as aventuras de Tex quando jovem por volta de 1860, pois é nesse período que o vemos no rodeio e durante a Guerra Civil Americana. Já o Tex quarentão e com o filho Kit Willer, bem como com Kit Carson de cabelos brancos, remonta ao período de 1880-1890 e tem o seu principal campo de actuação, o sudoeste americano, com os seus desertos ardentes e pequenos povoados de homens brancos.
Entretanto, nestes mais de 60 anos de vida editorial, devido à sua bravura e perícia, Tex por vezes é requisitado pelo comando dos Rangers a actuar em missões delicadas e especiais mesmo em outros Estados americanos, casos de cidades como São Francisco, New Orleans, Washington, ou mesmo fora dos limites territoriais dos EUA, percorrendo vários países e um sem número de povoados espalhados desde as terras geladas do Canadá e do Alasca até aos territórios mexicanos ou em casos extremos, na América do Sul e até mesmo na Oceânia, atrás de índios, traficantes, militares, políticos influentes, assaltantes e até mesmo mágicos, feiticeiros poderosos e extraterrestres,
sempre com o western como pano de fundo nas mais diversas missões, desde contrabandos de armas, assaltos a trens ou bancos, roubo de manadas inteiras, xerifes abusando da sua posição para explorar o povo são apenas casos mais comuns, dentre tantos que Tex tem que enfrentar.
Para isso, ele conta com a ajuda de seus pards (parceiros): Kit Carson, Kit Willer e o índio navajo Jack Tigre.

OS PARCEIROS

Tex, a personagem principal, entre os índios conhecido como Águia da Noite; Kit Carson, o ranger resmungão conhecido como Cabelos de Prata; Jack Tigre, o índio navajo que conhece todos os truques e tácticas indígenas; e Kit Willer, o jovem filho de Tex conhecido como Pequeno Falcão.
Na maioria das aventuras o companheiro inseparável é mesmo o ranger Kit Carson, que já salvou a vida de Tex inúmeras vezes, sendo também salvo por este em outras tantas. Pequeno Falcão e Jack Tigre são os pards que mais tempo ficam na aldeia navajo, cuidando dos interesses da reserva e zelando pela paz entre os indígenas e os homens brancos, mas não raramente são
chamados por Tex para ajudar a resolver os casos mais árduos.
Numa série tão longa, Tex fez no decurso das aventuras, grandes amizades nas mais diversas cidades americanas ou mesmo em outros países. Em São Francisco, o chefe da polícia Tom Devlin. Aqui e ali o desajeitado gigante Pat Mac Ryan, sempre em situações complicadas. Entre os Apaches, o irmão de sangue Cochise, chefe de todas as tribos apaches. E muitos outros, como o xerife de New Orleans, Nat Mac Kenneth, ou ainda Mac Parland, da Pinkerton.
No México, Montales, sempre envolvido nos cíclicos golpes de estado locais, e El Morisco, também conhecido como Bruxo Mouro, curandeiro, cientista e dedicado à “magia branca” nas horas vagas. No Canadá, Jim Brandon, oficial da Polícia Montada, e Gros Jean, trapper jovial e irascível, envolvido em mil problemas. Já em relação aos seus inimigos, Mefisto e o seu filho Yama, mestres da magia, foram os que mais fizeram Tex suar para conseguir derrotá-los. Podemos citar também: o diabólico Proteus, o bandido transformista capaz de se disfarçar de qualquer pessoa; a bruxa Zhenda, ex-squaw de Flecha Vermelha; Paul Balder, denominado “El Carnicero”, o coleccionador de escalpes; o genial cientista denominado O Mestre, o malaio Tigre Negro… E ainda há aqueles que se destacaram de modo particular, mesmo aparecendo numa única aventura,
entre eles: o homem de quatro dedos, o apache Lucero, ou o mestiço Ruby Scott, o único que conseguiu vencer Tex num duelo. Deve-se dizer, porém, que Ruby utilizava um coldre especial que lhe permitia usar o colt sem sacar, fazendo o próprio coldre girar sobre um pino central.

OS AUTORES
Tex como foi dito anteriormente, foi criado pelo escritor Giovanni Luigi Bonelli e pelo desenhador Aurelio Galleppini, também conhecido como Galep.
Giovani Luigi Bonelli nasceu em Milão em 22 de Dezembro de 1908. Começou a escrever profissionalmente na década de de 30, para o Corriere Dei Piccoli. Faleceu em 12 de Janeiro de 2001.
Aurelio Gallepini nasceu em 28 de Agosto de 1917, em Casal di Pari, tendo falecido em 10 de Março de 1994, tendo feito mais de 18000 pranchas e todas as capas de Tex até o número 400.
Com o sucesso da personagem e com o passar dos anos, vários artistas foram se unindo aos dois pioneiros. Os primeiros desenhadores foram Francesco Gamba, Mario Uggeri, Guido Zamperoni e Lino Jeva. Mais tarde, com o aumento da produção passaram a integrar a equipa de desenhadores do staff, Virgilio Muzzi, Guglielmo Letteri, Giovanni Ticci, Erio Nicoló, Fernando Fusco, Vitor de la Fuente, Jesus Blasco, José Ortiz, Carlo Raffaele Marcello, Vincenzo Monti, Fabio Civitelli, Alberto Giolitti, Claudio Villa, Raffaele Della Monica, Aldo Capitanio, Alfonso Font, entre outros. Sem contar os convidados para fazer as edições especiais gigantes, alguns dos grandes nomes mundiais da nona arte, casos de Joe Kubert, Colin Wilson, Jordi Bernet, Guido Buzzelli. Magnus, Ivo Milazzo e Manfred Sommer, só para dar alguns exemplos.
A equipa de escritores também teve que ser aumentada. Mauro Boselli, Guido Nollita (Sergio Bonelli), Decio Canzio, Antonio Segura, Michele Medda, Gianfranco Manfredi, Giancarlo Berardi, Pasquale Ruju e Tito Faraci foram dos que escreveram também histórias de Tex no decurso destes mais de 60 anos, coabitando com outro grande argumentista, Claudio Nizzi que foi considerado o “herdeiro” de G. L. Bonelli. Nascido em 1938 em Setif, na Argélia, começou a escrever Tex em 1981 tendo recentemente deixado de escrever histórias do ranger.




Espero que tenha agradado, e na realidade estou a gostar d'A Palavra dos Outros! Acho que é muito enriquecedor, tanto para mim como para o Leituras de BD. Diferentes visões, diferentes personagens.
Gosto!
De notar que um dos grandes artistas do Tex vai estar presente no Festival MAB Invicta: Fábio Civitelli. Quem desejar conhecer este autor, terá de rumar até ao Porto para o MAB Invicta!

Boas leituras

21 comentários:

  1. O amigo Francisco está sempre em "grande" e está a incutir-me o "bichinho" do Tex:)
    Excelente texto e excelente iniciativa do Bongop.
    Se quiseres que escreva outro texto para ti, diz-me e eu escrevo assim um texto sobre qualquer BD:)
    Abraço

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  2. Tex foi o personagem que reactivou a minha paixão pelos westerns em Bd e ainda hoje continua a ser uma das minhas personagens favoritas. :D

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  3. Oneiros
    O Francisco fez um belo post!
    Depois penso num livro para ti... Obrigado por te mostrares disponível para escrever!
    :)

    OCP
    Acho que li muitos livros do Tex quando era mais novo, mas não lembro bem... provavelmente não seriam todos do Tex, pois havia um monte de cobóiadas na altura... lembro-me de um Tex Tone, do Mascarilha e Zorro por exemplo!
    :D

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  4. O Tex Tone, se não me engano era publicado na revista Falcão ou Condor, onde eram publicada muita Bd de cobóiada na altura. :D

    Mas o Tex, desde que me lembro, sempre teve revista própria em Portugal (versão do Brasil), e falando em versão do Brasil, deves ter lido também algumas do Chet, uma versão brasileira do personagem. ;)

    Rapaz...já havia tempo que não pensava nestas revistas. tenho que ir dar volta às minhas caixas qualquer dia. :D

    Abraço. :)

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  5. Obrigado pelos elogios ao texto, caros Amigos!
    Cada cabeça sua sentença, e há que respeitar os gostos de toda a gente, mas Tex tem muita qualidade (se não fosse assim não se manteria ininterruptamente nas bancas a cada 30 dias por muitas décadas - vendendo actualmente apenas na série normal 230.000 exemplares por mês) e ainda hoje é um fenómeno de vendas, sobretudo na Itália, mas também no Brasil (basta ver o incrível número de séries reeditadas à venda e que também estão disponíveis em Portugal) e alguns outros países onde foi ou é publicado, para além disso, não sei se alguma outra personagem de BD teve ao seu serviço tantos desenhadores de craveira mundial (sobretudo na série Tex Gigante). Isto tudo para dizer que quem der uma chance ao Tex lendo 3 ou 4 histórias, muito seguramente será cativado pelo Ranger, havendo obviamente quem mesmo assim não se deixe cativar, mas quem nunca leu Tex com olhos de ler (e degustar a arte de muitos dos seus desenhadores) que dê uma oportunidade e depois que diga de sua justiça, só assim se pode dizer que Tex não "presta" como muitos dizem sem nunca ter lido sequer uma história, apenas tendo algum tipo de preconceito.

    Quanto ao Tex Tone, nada tem a ver com o Tex, o Tex Tone (que teve revista própria publicada pela Agência Portuguesa de Revistas) é um mero vaqueiro... ;-)

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  6. Ah, esqueci-me de dizer... parabéns ao Bongop pela excelente editoração, sem dúvida valorizou ainda mais o texto...

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  7. OCP
    Isso, vai aos caixotes!
    Eu infelizmente perdi os caixotes durante as várias vezes que mudei de casa...
    :(

    Zeca
    Tenho apenas um Tex, um Tex gigante. É o nº 23, Patagónia.
    Gostei tanto da arte como da estória, mas as edições da Mythos têm o mesmo problema que as publicações normais da americana Vertigo... o papel é uma porcaria e a arte perde muito com aquele tipo de impressão.
    Essa é uma das razões que me provoca resistência na compra. Fica mais barato? Fica. Mas deixa-me insatisfeito! Houve excelentes séries da Vertigo que eu esperei ANOS até que saíram num formato com papel decente. Aí comprei!
    ;)

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  8. Até que enfim, mais alguém percebeu! Parabéns Bongop por esta abertura. E não são apenas os milhões de leitores, quanto a mim, que fazem desta série algo de especial, é toda a cadeia de montagem "à antiga" que produz todos os meses uma revista de quase 200 páginas, o que é obra. Além dos números especiais, os Texones, as outras séries, etc... a casa Bonelli é para mim um paradigma da BD.
    Não sendo também um fã de Tex, há muito tempo que lhe dou a relevância que merece, no BDjornal (apesar das críticas).

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  9. Jorge Machado-Dias
    Eu já quis falar sobre Tex, mas sempre deixei de lado porque decididamente se falasse era sobre o Patagónia, e não era isso que pretendia. O que eu pretendia era isto mesmo, uma abordagem larga sobre esta personagem. Se o José Carlos quisesse fazer sobre um livro específico, eu também ficaria contente, pois ficaria de certeza bem melhor que qualquer abordagem que eu fizesse. Mas assim acho que foi muito melhor!
    Esta não é a primeira abertura. Já é a 3ª entrada da rubrica "A Palavra dos Outros"!
    (A não ser que estivesses a falar de abertura ao Tex... esta é mesmo a primeira!)
    ;)

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  10. "Patagónia" é realmente um história fantástica de Tex, tanto a nível de argumento, como de arte, uma das melhores de toda a saga, mas por norma os Tex Gigantes trazem histórias muito boas e na maioria dos casos interpretadas por grandes mestres da BD, por isso Bongop, compreendendo eu os motivos que te levam a "rejeitar" o Tex (o papel e o formato brasileiro realmente não ajudam) aconselho-te vivamente a comprares mais alguns exemplares dessa série (por exemplo os desenhados por Joe Kubert, Colin Wilson, José Ortiz, Alfonso Font, Jordi Bernet, Goran Parlov, Ivo Milazzo, Manfred Sommer, Victor de la Fuente, Magnus) até porque neste caso o formato já ajuda a leitura, mas fantástico mesmo seria conseguires por exemplo a história do Joe Kubert publicada em França: 4 álbuns luxuosíssimos (a cores e com capa "dura") embora nesse caso haja necessidade de se saber francês...

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  11. Parabens pelo blog. Tex é uma paixao enorme! Um abraço

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  12. Conheço bem (aliás, todos nós ou a grande maioria conhece) a paixão do Zé Carlos pelo Tex, o seu personagem favorito desde sempre, e por isso o elogio que faço ao seu magnífico e completo artigo é mais um a juntar a tantos.
    É claro que nem todos os leitores, sobretudo os mais jovens, sentem a mesma paixão pelas histórias e pelos filmes de "cowboys" que os que têm a minha idade ou a idade do Zeca. No meu tempo, a rapaziada não pensava noutra coisa e consumia doses maciças de histórias aos quadradinhos e de "westerns" vistos nos cinemas de bairro, quando a mesada dava para isso.
    Hoje, esse hábito perdeu-se simplesmente porque já não há revistas como o "Mundo de Aventuras", "O Falcão", o "Condor", a "Colecção Canguru" e outras nas bancas (e o cinema "western" praticamente também morreu). Mas ainda temos o Tex, mesmo em versão brasileira e em pequeno formato... e já que não se pode ter tudo, contentemo-nos, ao menos, com isso.
    Mas eu estou de acordo com alguns comentários (como, por exemplo, o do Bongop): é dificil a um não "iniciado" pegar numa dessas revistas brasileiras e descobrir nas histórias e nos desenhos aquele encanto que continua a fascinar os leitores "veteranos". Para esses, como recomenda o Zeca, a leitura dos Tex Gigantes (ou dos 4 álbuns franceses com a versão do Joe Kubert) pode ser o aperitivo mais recomendável, que de certeza os ajudará a saborear melhor os restantes "acepipes".
    Uma pequena correcção que aqui deixo: a série Tex Tone teve outros editores além da Agência Portuguesa de Revistas, como por exemplo, em revistas próprias, as Edições Fada do Lar(de Mário de Aguiar), e a Editorial Globo, de Jacques Rodrigues. Ambas tiveram grande longevidade. Na A.P.R., saiu, que me lembre, na "Colecção Tigre".
    Jorge Magalhães

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  13. Zeca
    Eu não sei francês...
    :(
    Mas acredito perfeitamente que Tex terá uma arte fantástica se for impresso em papel a preceito. Vi desenhos do Civitelli na Amadora extraordinários. Consigo também extrapolar a arte do "Patagónia" imaginando-a num bom papel, bem branquinho! Gostei do Patagónia, já me tinham indicado esse livro, e de repente apareceu no MIAU com um bom preço e novo.
    :)

    Black
    Obrigado e bem vindo aqui ao Leituras de BD!
    :)

    Jorge Magalhães
    Bem vindo ao Leituras de BD!
    Também conheço a paixão do josé Carlos pelo Tex! Por isso era a pessoa indicada por fazer um artigo sobre Tex. E ficou muito bom!
    Não sei se esse tipo de revista, tipo Condor, Falcão ou Mundo de Aventuras teria saída nos dias de hoje, mas quando eu era mais novo faziam as delícias do pessoal pois eram as únicas a que tínhamos acesso, monetariamente falando. Eram baratas, emprestávamos uns aos outros e toda a gente lia BD!
    Eu sei que li bastante Tex na altura, mas neste momento para voltar a ler Tex tinha de ser noutro tipo de publicação, que não a Mythos.
    ;)

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  14. Agrada-me o conceito do TEX e da Bonelli (que tenta alcançar um público para todas as classes sociais)
    Gosto dos artigos e textos do Francisco, nunca fui um "fã" incondicional do Tex (mas não sou um bom exemplo, pois não sou "fã" de muita coisa), no entanto e lendo o comentário do Jorge Magalhães aparece-me a nostalgia do que eram os anos 80 em Portugal com as revistas de bancas.
    Seriam populares hoje em dia?
    DUVIDO.
    O público é avido pela estética (quer seja nos livros, cds ou filmes).
    Penso que a maioria dos autores do Tex são mesmo excelentes (têm Civitelli, Millazo, Buzzeli entre muitos outros).
    A política editorial da Bonelli é excelente, pois os livros que eles publicam chegam a todas as bolsas e para os que queiram algo mais "luxuoso" (como tu bem referes Bongop) ou compram as edições especiais ou os Tex gigante.
    Esta política editorial é que torna o Tex no fenómeno mundial que é (para além da qualidade dos artistas).
    Os anos 80 e principios de 90 eram engraçados e por vezes aparece a nostalgia dos mesmos (em pessoas da nossa faixa etária), mas aconteceu o mesmo nos 50,60 e 70 com outras publicações nacionais e internacionais.
    O que me preocupa verdadeiramente é o será a nostalgia dos nossos filhos e netos (será um mero Ipad ou Kindle?) Nunca saberei. Por isso tento ficar no presente, nunca me demarcando do passado e sem pensar muito no futuro.
    Parabéns por estes comentários todos a um excelente artigo (ou texto) de opinião.

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  15. Oneiros
    De vez em quando tenho crises de nostalgia, sobretudo no que concerne ao Mundo de Aventuras e à revista Tintim, mas concordo que hoje seria difícil a viabilização económica de revistas do género. Isso só no dia em que for moda, ou que seja considerado"in" ler e ter Banda Desenhada.
    :)

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  16. Pois, também eu sou um fã de Tex há muitos anos e ainda guardo com carinho alguns exemplares publicados pela extinta editora Vechhi. Tive depois um hiato de muitos anos em que não coleccionei as aventuras do ranger, porque, simplesmente, deixou de aparecer nos quiosques. Há algum tempo voltei a redescobri-lo, pedindo agora ao senhor da papelaria que me guarde um exemplar todos os meses. E tenho gostado muito de ver a renovação que se tem feito às personagens, embora lamente nos últimos anos não ver com tanta regularidade a personagem de Jack Tigre. Por isso, acho que foi muito boa ideia publicares este texto do José Carlos Francisco que tem ainda a particularidade de referir algumas curiosidades, à volta da personagem, que desconhecia. Um abraço.

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  17. João Amaral
    Ainda bem que gostaste!
    Queria um texto que fosse de encontro aos fãs do Tex, e ao mesmo tempo piscasse o olho a possíveis novos interessados. Para isso nada melhor que um texto escrito por alguém que sabe, e que tem verdadeira paixão pela personagem!
    ;)

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  18. Excelente reportagem ao Zé Carlos, um dos maiores (se não mesmo o maior) divulgadores de Tex em Portugal. Sou fã de Tex há muitos anos, e continuo a comprar tudo o que sai na língua portuguesa. Por isso, em boa hora o blogue destacou este grande herói, que contém desenhos de sonho e grandes histórias

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  19. Orlando Santos Silva
    Bem vindo ao Leituras de BD!
    Ainda bem que gostou deste post sobre o Tex!
    Foi uma oportunidade boa para se falar deste herói pela palavra de quem melhor sabe e percebe do assunto, neste caso o José Carlos Francisco!
    :)

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  20. Caros amigos portugueses, após ler atentamente a matéria do pard Jose Carlos Francisco (o nosso Zeca) e os comentários de vosmicês, jornalistas e colecionadores, só me resta, realmente, ficar muito contente de poder acompanhar o carinho e a percepção que a personagem Tex suscita em todos aqueles que são iluminados por sua saga fantástica de aventuras.

    O mundo é dos audazes, não resta dúvidas, e dos persistentes. E todos aqueles que fizeram Tex em seu início e depois, foram assim. Não deixaram a casa cair.

    Hoje o Tex segue brigando com as tecnologias, com as 1001 ofertas de diverões aos adolescentes, e tem conseguido se manter graças ao trabalho de alguns abnegados colecionadores, que perceberam a necessidade de ajudar o personagem, em parte para que não acabe e em parte para se sentir pertinho dele.

    Passamos por um momento de bastante apreensão no mundo das HQs do Tex porque percebemos que os velhos colecionadores (formados numa época em que não havia muita opção e o faroeste ainda era o filão) vão desaparecendo aos poucos e não se consegue tantos novos colecionadores na mesma medida. Mas não podemos nos resignar. Devemos sim trabalhar para mudar esse quadro.

    De todo modo, Tex é uma publicação que merece ser conhecida, ser degustada, ser utilizada, principalmente pelos jovens, pois serve como um professor e até como um pai na formação moral e cívica, além de ser um ótimo passatempo, o que também ajuda na educação, principalmente nos conceitos de leitura, escrita e conhecimentos gerais.

    Por fim, dizer que o Tex representa tanto pra mim, que estarei em breve com o segundo livro publicado, já está no forno, e que provavelmente, teremos ainda em 2012 a 6a. Expo-Tex de Jampa, aqui na capital da Paraíba.

    Um abraço a todos e continuem com o nosso Tex, pois 'como Tex não hã nenhum'.

    g.g.carsan

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  21. G.G. Carsan
    Bem vindo ao Leituras de BD!
    Espero que continue a ser "cliente", apesar de não haver muito Tex por aqui...
    :D
    Penso que neste momento, para fazer com que camadas mais jovens adiram ao Tex, o produto tem de ser mais apelativo sem subir muito o preço das publicações. E será necessária esta transformação para o Tex continuar a fazer a delícias dos seus fãs por muito mais tempo!
    :)

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