terça-feira, 31 de julho de 2012

Spirou e Fantásio Vol.50: Nas Origens do Z


Álbum polémico para os fãs do Spirou. A ASA tinha saltado este livro devido às reacções negativas dos fãs desta popular personagem, mas este ano o buraco na numeração foi tapado!
Os autores são Jean-David Morvan e Yann nos textos, José-Luis Munuera no desenho e Christian Lerolle na cor.
Esta equipa criativa não resistiu às críticas negativas… digamos que no álbum seguinte, A Invasão dos Zorcons, já não participou!
Este livro pode ser lido de três maneiras. Uma como um livro solto e não fazendo parte de uma série com muita história (o que é complicado), outra como um livro da série Spirou e finalmente como o último livro da série.
Começando pela 3ª hipótese… é impossível este livro ser o término de uma série que ainda tem muito para dar. Ponho de lado esta hipótese.
A 1ª hipótese seria a mais simpática, seria uma espécie de “What If…” e de algum modo não estaria mal se o livro entrasse nesta categoria. Apenas um livro fora de série. Sendo assim seria um livro bastante razoável com uma estória que revisita espaços históricos da cronologia Spirou, com um bom ritmo de acção e um final inesperado.
O problema é mesmo a 2ª hipótese… este livro dentro de uma série é destruidor sem necessidade! Comparo-o ao “Brand New Day/One More Day” do Homem-Aranha, ou seja, tudo o que é passado foi pagado, deixou de existir! O legado de Franquim não existirá mais, e até o trabalho de Tome e Janry seria apagado do passado destes heróis. Estamos a falar de uma série com uma larga aceitação europeia e uma enorme legião de fãs. Pessoalmente não gosto deste tipo de golpe de rins…
O mais assustador é a Dupuis ter embarcado nisto, visto que esta série é um dos títulos nobres desta editora!
Vale a pena falar da arte. Não desgosto do estilo de Munuera, embora ache que não é o melhor registo para Spirou e Fantásio. De qualquer modo as cenas de acção têm bastante ritmo e dinamismo. É talvez o melhor deste livro.
A estória assenta no triângulo amoroso Zorglub, Pacómio e Miss Flanner. Esta é o amor de juventude destes dois cientistas, que competem pelos seus favores!
Esta cientista está doente terminalmente devido a uma experiência que estes três cientistas levaram avante no passado.
Zorglub convence Spirou a viajar no tempo, e este contrariado faz uma viagem por várias épocas da história das suas aventuras até chegar ao tempo preciso da malfada experiência. Aqui tem a ajuda de Fantásio e Spip que entretanto também se lhe juntaram nesta viagem temporal.
Eles modificam o Tempo, modificando no presente tudo o que é certo para os leitores de Spirou. Não vos vou dizer o que foi modificado, o livro está aí! Tenham e transmitam a vossa opinião completando, concordando ou discordando da minha.
A nota que vou dar no final é considerando este livro apenas como um livro fora de série. A minha nota como livro cronológico na série seria 5. Como livro solto fica um pouco melhor!

Boas leituras

Hardcover
Criado por Jean-David Morvan, Yann e José-Luis Munuera
Editado em 2012 pela ASA
Nota: 6,5 em 10

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Vagabond Vol.1 & Vol.2 (Vizbig Editions)


Vagabond é mais um excelente Manga que eu comecei a seguir.
Esta série é baseada na história real de Miyamoto Musashi, considerado o maior samurai de sempre, obtendo o cognome de “Sword Saint” por isso!
Esta obra de Takehiko Inoue baseia-se na novela de Eiji Yoshikawa, Musashi. A vida deste famoso samurai é retratada de uma maneira bastante violenta… esqueçam-se da poesia que os ocidentais gostam de fazer à volta destes guerreiros, eles são sujos e violentos e seguem o caminho da espada.
Os dois volumes apresentados são respeitantes às edições Vizbig, ou seja, são bastante volumosos (mais de 600 páginas), mas têm capas horríveis… em contrapartida as lombadas são espectaculares!
Cada volume destes corresponde a três volumes normais, com papel melhorado e dimensões mais apropriadas à bela arte apresentada. Para quem começa a série estes volumes são bem mais apropriados, pois ficam bastante mais baratos para além da qualidade também ser melhor, em contraponto aos tankobons normais de Manga.
Falando da arte de Inoue… é muito boa! O detalhe é espectacular, as paisagens lindíssimas de pormenor, e as cenas de combate de grande velocidade e acção. Para além disso proporciona aos leitores algumas páginas coloridas que são por norma de grande beleza. Os pormenores históricos são bem retratados visualmente, embora esta estória não seja historicamente correcta em muitos aspectos. Mas as roupas, costumes e habitações estão muito bem retratadas visualmente! Aliás… há páginas fantásticas! São autênticos delírios visuais, sobretudo ao nível paisagístico.
Quanto à estória. Estes dois volumes contam o início do caminho de Shinmen Takezo na busca pela “invencibilidade debaixo do Sol”, e a sua transformação no posteriormente famoso samurai Miyamoto Musashi.
O plot está muito bom, as intrigas bem feitas sem nunca faltar um pouco de humor quanto baste.
O início mostra dois guerreiros que sobrevivem a uma batalha, mas no lado vencido. Ambos tinham saído das suas aldeias para tornarem os seus nomes famosos, mas quase pereceram nessa batalha, e depois nas mãos dos caçadores de despojos. Eram eles Takezo e Matahachi. Um deles valente com uns olhos animais, o outro um cobarde…
Acabam por seguir caminhos diferentes, Matahachi cobardemente acomoda-se com uma mulher e Takezo segue em frente. Será perseguido pela família de Matahachi como se fosse um animal (porque esta considera que a desonra é deviada a Takezo), irá ser apanhado, mas tem aliados que o ajudam a crescer como guerreiro e pessoa: o monge Takuan e a ex. noiva de Matahachi, Otsū.
Irá viajar para Kyoto para encontrar guerreiros fortes com quem medir forças, destruindo no processo a famosa escola Yoshioka. Mais tarde viaja em direcção ao templo Hōzōin, onde os seus monges eram famosos pela sua técnica com lanças. Aqui leva uma grande surra, que faz com que procure alguém para o ensinar… para o melhorar tecnicamente, interiormente e fazer entender o porquê da sua derrota! É aqui que acaba este segundo volume.
Existem várias linhas de estória que se vão interligando sem pressas, dando volume e densidade à intriga, iremos seguindo assim a vida de Matahachi, de Otsū e de Akemi e sua mãe! Para além disso é-nos apresentado também o arqui-rival de Musashi: Sasaki Kojirō!
O Leituras de BD recomenda este Manga que já vendeu mais de 22 milhões de livros! Não esquecer que este Manga é um "Seinen", portanto para pessoas mais "crescidas"...
:)

Boas leituras!

TPB
Criado por:  Takehiko Inoue
Editado em 2008 pela Viz Media
Nota: 9 em 10

domingo, 29 de julho de 2012

Capas: Hit-Girl #1



"The little bitch is back!"


Este é um título e pêras para este primeiro número a solo da assassina psicótica e sanguinária de Kick-Ass!
A capa deste primeiro número saiu em Junho, encontrando-se já a segunda revista nas bancas.

Hit-Girl foi a melhor personagem de Kick-Ass e esta era a via mais do que provável para esta personagem: um título a solo!
Estas aventuras situam-se entre os dois volumes de Kick-Ass... sim, para quem não sabe já existe um segundo volume de Kick-Ass!
Esta criação de Mark Millar e John Romita Jr., tem também uma vida fora do ambiente violento da rua, assim estas aventuras focam-se no dia-a-dia de Mindy! Na escola... por exemplo!

Como reagirá esta sanguinária criança quando as outras raparigas gozam com a sua roupa?
:D

Ficam umas páginas deste primeiro número em baixo, e a capa alternativa do Hit-Girl #2 aqui à esquerda!

























Boas leituras

sábado, 28 de julho de 2012

Marvel cancela Thanos : Son of Titan


Eu que me preparava e babava por uma mini-série assim...
:(
Esta mini-série foi anunciada tempos atrás e pretendia ser uma espécie de "Year One" do "Mad Titan". Os autores seriam Joe Keatinge (textos) e Rich Elson (desenho).

Esta mini esperava-se, sobretudo por causa do final do filme dos Avengers e porque Thanos é um dos grandes vilões do universo Marvel!
Para mim o melhor vilão de todos.

A Marvel deu a seguinte desculpa:
For those interested, plans have indeed changed on Thanos. Nothing too dramatic, we just jumped the gun a bit. Joe Keatinge and Rich Elson both have projects coming up in the Spidey office that we’ll be announcing soon. They’re bloody great!

Mas o que eu penso é que Jim Starlin se mexeu! Ele é o criador de Thanos, e diz que o criou ainda fora dos estúdios da Marvel, portanto pertencer-lhe-á inteiramente nesse caso. Isto é o que se lê nas entrelinhas... apesar de Jim Starlin não andar a falar sobre o assunto, sabe-se que ficou chateado porque a Marvel nem o contactou para lhe dar conta desta mini-série de cinco números, e mais genericamente porque a Marvel não lhe tem dado contrapartidas financeiras pelo uso e abuso de criações suas noutros livros, e também em filmes.























Fiquei triste com este cancelamento...

Boas leituras

Turma da Mônica Jovem #43 - Tesouro Verde


Esta é uma edição histórica da Turma da Mónica Jovem.
Um crossover entre as populares personagens de Maurício de Sousa Osamu Tezuka!
Tezuka, considerado o pai do Manga e criador dos incontornáveis "Astro Boy", "A Princesa e o Cavaleiro" e "Kimba, o Leão Branco" desenvolveu uma forte amizade com Maurício entre as décadas de "70/80". Tinham combinado fazer um crossover entre as suas personagens, mas tal nunca aconteceria durante a vida de Tezuka (faleceu entretanto...).
A família de Tezuka (detentora dos direitos) anuiu, e o projecto acabou por ir para a frente, dividido em duas partes nos números 43 e 44 (o 44 ainda não chegou a Portugal), embora pense que futuramente poderá ser compilado num livro único. Esta edição é histórica por várias razões, entre elas a novidade de pela primeira vez as personagens criadas por Tezuka serem produzidas fora do Japão, e por uma editora não japonesa! Por aí podem ver a amizade que unia estes dois grandes mestres da BD infantil!
A acção passa-se na floresta Amazónica e a popular "turminha" encontra-se com Astro Boy, Kimba e Safiri para além dos professores Tenma e Ochanomizu!
O livro tenta mostrar como a floresta pode ser sustentável, usufruindo os humanos dos seus recursos, mas sem a destruir. Mas as coisas não estão a correr bem... nem entre os protagonistas, nem com a floresta. Alguém está a querer sabotar aquele projecto ecológico, e os animais estão a revoltar-se. Ainda por cima Mónica incompatibilizou-se com Safiri, e agora estão as duas perdidas na floresta! As restantes personagens acabam sendo cercadas pelos animais chefiados por Kimba, o leão branco.
Temos de esperar pelo número 44 para saber o fim da estória...
Leitura agradável para a pequenada, mas não mais que isso. Algumas das premissas de Maurício para esta série não foram atingidas, como o tratamento de temas mais intrínsecos da adolescência. O teor das estórias está muito infantil, necessitava de mais "músculo" para atingir os adolescentes...

Boas leituras

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A palavra dos Outros: Legends por Hugo Silva


Hugo Silva traz-nos os anos "80" de novo, desta vez "Legends".
Série importante no seu tempo, visto que serviu de rampa de lançamento para uma série de novos títulos desta editora, a DC Comics.
Fiquem com o Hugo Silva!


Legends

Depois da mega saga Crise nas Infinitas Terras, a DC decidiu lançar uma mini-série em 6 edições que ajudasse a cimentar as mudanças que foram feitas nas origens de alguns heróis, e ao mesmo tempo lançar novas séries que ajudaram a relançar o novo universo da editora.

Nos desenhos iríamos ter a super estrela canadiana John Byrne, que estava a começar uma grande reformulação em Superman, enquanto que no argumento os competentes Len Wein e John Ostrander deram bem conta do serviço, sendo que Karl Kesel completava a equipa criativa, colocando a tinta por cima do lápis de Byrne. Foram 6 edições desde Novembro de 1986 a Maio de 1987, que podiam ser lidas individualmente como uma versão condensada de todos os acontecimentos, ou então podiam-se ler em conjunto com os tie-ins que foram publicados nas diversas revistas da companhia fazendo esta série ter afinal cerca de 22 capítulos.

A primeira vez que li isto foi na mini série que a editora Abril lançou, onde colocou alguns desses 22 capítulos em conjunto com os 6 números da mini, ajudando a compreender um pouco melhor a história. Para além disso, conseguimos ler os capítulos passados no título do Superman onde Byrne caprichou na arte, e colocou o nosso herói em alguns apuros provocados pelo principal vilão desta saga, o Deus
Darkseid. É daquelas histórias que tenho em mais que uma edição, já que tenho também o TPB original e o Brasileiro da Panini. É de lamentar que em ambos os casos, não estejam reunidas as histórias do Superman, e seja preciso para isso adquirir o segundo volume dos TPB Man of Steel. São bastante aconselháveis, já que podemos ver um Superman a ser controlado mentalmente por Darkseid e vestido como um gladiador Romano, o que origina umas páginas fantásticas do fenomenal John Byrne.

No início vemos Darkseid a apostar com o misterioso Vingador Fantasma em como iria conseguir que a humanidade se virasse contra os seus heróis, e para isso iria utilizar um dos seus súbitos: o Glorioso Godfrey. Este Deus tinha o dom da palavra, conseguia com os seus discursos incentivar as pessoas ao ódio e mal chegou ao planeta Terra começou a espalhar esse discurso por diversos programas televisivos, e em discursos perante grandes plateias completamente viciadas neste carismático personagem.

Mas Darkseid sabia que só os discursos não seriam suficiente, e então arranja esquemas e cria vilões para complicar a vida aos nossos heróis. Envia uma criatura com poder suficiente para dar muito trabalho à debilitada Liga de Justiça (versão “Detroit”) e arranja forma de um ingénuo Capitão Marvel ser acusado da morte de um vilão, e deixando-o assim preso no seu alter-ego Billy Batson, indefeso perante as acusações e traumatizado com todos estes acontecimentos.
A arte de Byrne dava um grande dinamismo à saga, e a história era feita de forma a dar destaque a todos os sub-plots que aconteciam, para além de nos prender com alguns momentos emocionantes como o espancamento do Robin por uma multidão enfurecida, ou ver o Superman a encontrar-se com o presidente Ronald Reagan e este a pedir para todos os heróis pararem com as suas actividades.

Foi aqui que o plano de Darkseid ganhou fôlego e onde os argumentistas aproveitaram para nos darem a conhecer um novo grupo, o Esquadrão Suicida e a sua chefe, a impetuosa Amanda Waller. Esta equipa de vilões ajudou a colmatar a falta que os heróis faziam, mas rapidamente alguns heróis começaram a quebrar a directiva do Presidente, sendo que se dava destaque a personagens que iriam aparecer na nova Liga da Justiça como era o caso do herói Besouro Azul. No final vemos o Sr. Destino a entrar em acção e convocar um grupo de heróis para ajudar a proteger a cidade de Washington da horda de lunáticos controlados por Godfrey, e de como foi preciso a ajuda das crianças (que não eram afectadas pelos seus discursos) para o deter. Foi quando este perdeu o controlo e deu um estalo a uma criança, que o resto da multidão se libertou do seu controle e as coisas começaram a voltar ao normal.











Foi a série que ajudou a lançar as novas revistas do Flash, do Esquadrão Suicida e da Liga da Justiça de Giffen e DeMatteis, para além de ajudar a percebermos melhor a nova posição da Mulher Maravilha e do Capitão Marvel no universo DC pós-Crise. É bastante aconselhável a todos que gostem da arte de John Byrne e de uma história agradável, ajudando a entender melhor o Universo DC daquela altura.

Texto por Hugo Silva

Como é de costume, convido-vos a visitar o blogue do nostálgico Hugo Silva: Eu Ainda Sou do Tempo...
Para lerem os outros textos do Hugo Silva no Leituras de BD basta clicar em cima do nome dele, e para verem melhor as imagens mais pequenas, só têm de clicar em cima delas!
:D

Boas leituras

terça-feira, 24 de julho de 2012

Este Mês na Bedeteca de Beja - Julho / Agosto de 2012

Beja acordou para o Verão!
Depois da ressaca do sempre bom Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, eis que surge a programação para estes dois meses de Verão. Digamos que convido a quem passar por Beja, nem que seja de passagem para paisagens mais a sul, visitar este excelente instrumento de mostra/divulgação da Banda Desenhada em Portugal.
Aqui fica o programa:


ESTE MÊS NA BEDETECA
JULHO / AGOSTO

Agora que Maio e Junho já lá vão (foram os meses do Festival), voltámos à nossa programação habitual. Aqui vos deixamos as nossas propostas para Julho e Agosto, meses em que o calor aperta (sabe bem estar na Bedeteca, a aproveitar o fresco do ar condicionado) …


EXPOSIÇÕES



Até 31 de agosto
DE BEJA A ANGOULÊME – 18 HORAS DE COMBOIO
Exposição de Fotografia de Francisco Paixão.
Local: Cafetaria da Casa da Cultura.
Organização: CMB (Bedeteca de Beja) / Francisco Paixão.








Até 31 de agosto
LEITE COM CHOCOLATE
Exposição de Ilustração de Inês Gonçalves.
Local: 1º andar da Casa da Cultura.
Organização: Inês Gonçalves.
Apoio: CMB (Bedeteca de Beja).












Até 31 de agosto
AS HISTÓRIAS DO AVÔ JOÃO
Exposição de Ilustração de Catarina Santos.
Local: 1º andar da Casa da Cultura.
Organização: Catarina Santos.
Apoio: CMB (Bedeteca de Beja).














Até 31 de agosto
ESCALENO
Exposição de Ilustração de Célia Mestre.
Local: 1º andar da Casa da Cultura.
Organização: Célia Mestre.
Apoio: CMB (Bedeteca de Beja).







ATELIÊS DE VERÃO






Até 31 de agosto
SUBMARINO – ATELIÊ DE BANDA DESENHADA
Com Paulo Monteiro.
Dos 7 aos 15 anos.
Horário: terças e quintas, das 14h00 às 15h45.
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda).
Organização: CMB (Bedeteca de Beja).











FEIRA DO LIVRO




Até 31 de agosto
LIVROS PARA O VERÃO
Muita banda desenhada para ler à sombra.
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda).
Organização: Livraria Contracapa.
Apoio: CMB (Bedeteca de Beja).








LIVRO DO MÊS NA BEDETECA








SOB O SIGNO DE CAPRICÓRNIO, de Hugo Pratt
Agora que o calor aperta parece o tempo ideal para acompanhar Corto Maltese à Bahia (e para conhecer Tiro Certeiro e Corisco de S. Jorge). Mais uma aventura do célebre marinheiro maltês…












OUTROS SERVIÇOS

CEDÊNCIA DE ESPAÇOS PARA ATIVIDADES
Apoio e cedência de espaços, a escolas e outras instituições, para a realização de reuniões e eventos.

APOIO A ALUNOS E PROFESSORES, NA BEDETECA DE BEJA
Apoio a alunos e professores para a realização de exposições ou outros projectos específicos na área da banda desenhada e ilustração.


CONTACTOS E HORÁRIOS

BEDETECA DE BEJA
Edifício da Casa da Cultura
Rua Luís de Camões
7800 – 508 Beja
Telefone: 284 313 318
Telemóvel: 969 660 234
E-mail: bedetecadebeja@cm-beja.pt
Horário até 31 de agosto: de terça a sexta-feira, das 9h00 às 12h30, e das 14h00 às 17h30.

ORGANIZAÇÃO
Câmara Municipal de Beja (Casa da Cultura / Bedeteca de Beja).


PARCEIROS

APOIOS E PARCEIROS PARA A PROGRAMAÇÃO
Associação para a Defesa do Património Cultural da Região de Beja / Associação Pegada no Futuro / Lemon Studio / Livraria Contracapa / Museu Regional de Beja / NCreatures / Prisvídeo / Unimundos

PARCEIROS PARA A DIVULGAÇÃO NA NET
AS LEITURAS DO PEDRO, CENTRAL COMICS, DRMAKETE, KUENTRO, LEITURAS DE BD e NOTAS BEDÉFILAS

Boas leituras

quinta-feira, 19 de julho de 2012

San Diego Comic-Con: Punisher Fan Movie


Durante a Comi-Con de San Diego, Thomas Jane, o actor que deu vida ao Punisher no último filme desta personagem, apresentou um filme feito por fãs (tanto os actores como os realizadores) e deu nas vistas com esta curta-metragem.
Imediatamente fãs perguntaram se aquilo era o embrião para o novo filme, mas Jane negou:

"I wanted to make a fan film for a character I've always loved and believed in - a love letter to Frank Castle & his fans. It was an incredible experience with everyone on the project throwing in their time just for the fun of it. It's been a blast to be a part of from start to finish -- we hope the friends of Frank enjoy watching it as much as we did making it."
"Not pushing anything. Just a fan film from Friends of Frank."

Podem vê-lo aqui na integra!



Enjoy!
(Or not...)

Boas leituras

quarta-feira, 18 de julho de 2012

A palavra dos Outros: O Mundo Desolado por Paulo Costa


Paulo Costa dá nova contribuição ao Leituras de BD, desta vez uma série que saiu nas páginas da revista Warlord, e que teve alguns episódios em português!
Fiquem com as palavras de Paulo Costa:


Esquecidos no sótão: O Mundo Desolado

Gostava de vos poder mostrar uma boa edição encadernada para ler, mas não posso. Para lerem isto, ou perdem tempo à procura de várias edições de uma série menos conhecida da DC Comics dos anos 80, ou vão ter que fazer uso da capacidade da Internet em distribuir entretenimento sem autorização. É uma pena que a DC nunca tenha republicado isto, porque cabe tudo em menos de 250 páginas.

Nos anos 80, a DC ainda apostava em revistas com mais de uma história, às vezes de modo experimental. É o caso de “The Barren Earth”, uma tira curta editada na revista do Warlord entre 1982 e 1984, que chegou a ser publicada em português como “O Mundo Desolado”. A Editora Abril usava isto para encher a revista dos Novos Titãs (uma combinação estranha), mas como era material pré-Crise e a editora queria avançar com a cronologia, interromperam a história após o 15º capítulo. Pena que nunca pensaram em continuar a história no título Aventura & Ficção, mas nas primeiras edições deste título publicava-se exclusivamente material da Marvel.

“The Barren Earth” era uma tira de ficção científica pós-apocalíptica, criada pelo escritor Gary Cohn e pelo artista Ron Randall. Estreou-se no nº 63 da revista Warlord, substituindo “Arion, Lord of Atlantis”, que tinha sido promovido a uma série mensal, e teve um total de 23 capítulos publicados até ao nº 88 (saltou alguns números da revista, pelo caminho), antes de completar a história na mini-série em quatro números “Conqueror of the Barren Earth”. Tinham-se passado milénios desde que a humanidade abandonou a Terra e estavam em guerra com uma raça alienígena chamada Qlov. Dois mil anos antes, alguns terrestres tinham voltado à Terra para estabelecer bases temporárias, mas entretanto essas bases degeneraram para sociedades quase medievais, com tecnologia limitada.

Quando uma nave de exploração regressou à Terra, encontrou um clima hostil (os oceanos desapareceram), animais e plantas estranhos e agressivos e tribos nómadas selvagens. Apenas uma jovem oficial chamada Jinal sobreviveu, acabando por unir várias facções distintas, ao mesmo tempo que descobriu uma cidade voadora de sacerdotes cientistas. Estes revelaram ter intenções piores do que as que demonstravam, obrigando Jinal a unir-se a um senhor da guerra para conquistar o planeta. A mini-série acabou com os amigos de Jinal a regressarem a Terra para a salvarem, mas não foram contadas mais histórias.

A arte é boa, a lembrar os artistas filipinos que trabalhavam na Espada Selvagem de Conan, enquanto a história é um pouco baseada em “Dune”, mas a boa mistura de acção com politiquices palacianas faz com que a história seja agradável e nos mantenha interessados em voltar para ver o capítulo seguinte. Jinal e o resto do elenco têm personalidades distintas e bem trabalhadas. Infelizmente, duvido que haja interesse em ressuscitar esta propriedade. Teve menos visibilidade que Arion, Kamandi ou Ametista, foi um mundo que ficou de fora da primeira Crise e nunca teve um crossover com os heróis do universo DC normal. E por esse mesmo motivo nunca deverá ter direito a ser coleccionada num único volume.






















 Texto: Paulo Costa

Ainda bem que o pessoal ainda não desistiu de colaborar com este blogue! Se quiserem ver as outras entradas do Paulo Costa neste blogue, basta clicar no nome dele!
...e tenho um enorme prazer nesta rubrica.
:)

Boas leituras

terça-feira, 17 de julho de 2012

San Diego Comic-Con 2012: Eisner Awards


Como podem ver pela lista, a Dark Horse este ano esteve em grande nestes prémios, conseguindo cinco prémios, sendo a Marvel relegada para 2º com quatro!
De notar ainda os três prémios da IDW e da Archaia.

Will Eisner Comic Industry Award Winners 2012

SAN DIEGO - The following awards were given out at the 24th annual Will Eisner Comic Industry Awards, Friday night July 13, at the Indigo Ballroom in the Hilton San Diego Bayfront Hotel, as part of Comic-Con International: San Diego.

Best Short Story
"The Seventh," by Darwyn Cooke, in Richard Stark's Parker: The Martini Edition (IDW)

Best Single Issue (or One-Shot)
Daredevil #7, by Mark Waid, Paolo Rivera, and Joe Rivera (Marvel)

Best Continuing Series
Daredevil, by Mark Waid, Marcos Martin, Paolo Rivera, and Joe Rivera (Marvel)

Best Limited Series
Criminal: The Last of the Innocent, by Ed Brubaker and Sean Phillips (Marvel Icon)

Best Publication for Early Readers (up to age 7)
Dragon Puncher Island, by James Kochalka (Top Shelf)

Best Publication for Kids (ages 8–12)
Snarked, by Roger Langridge (kaboom!)

Best Publication for Young Adults (Ages 12–17)
Anya's Ghost, by Vera Brosgol (First Second)

Best Anthology
Dark Horse Presents, edited by Mike Richardson (Dark Horse)

Best Humor Publication
Milk & Cheese: Dairy Products Gone Bad, by Evan Dorkin (Dark Horse Books)

Best Digital Comic
Battlepug, by Mike Norton, www.battlepug.com

Best Reality-Based Work
Green River Killer: A True Detective Story, by Jeff Jensen and Jonathan Case (Dark Horse Books)

Best Graphic Album - New
Jim Hensons Tale of Sand, adapted by Ramón K. Pérez (Archaia)

Best Graphic Album - Reprint
Richard Stark's Parker: The Martini Edition, by Darwyn Cooke (IDW)

Best Archival Collection/Project - Comic Strips
Walt Disney's Mickey Mouse vols. 1-2, by Floyd Gottfredson, edited by David Gerstein and Gary Groth (Fantagraphics)

Best Archival Collection/Project - Comic Books
Walt Simonson's The Mighty Thor Artist's Edition (IDW)

Best U.S. Edition of International Material
The Manara Library, vol. 1: Indian Summer and Other Stories, by Milo Manara with Hugo Pratt (Dark Horse Books)

Best U.S. Edition of International Material - Asia
Onward Towards Our Noble Deaths, by Shigeru Mizuki (Drawn & Quarterly)

Best Writer
Mark Waid, Irredeemable, Incorruptible (BOOM!); Daredevil (Marvel)

Best Writer/Artist
Craig Thompson, Habibi (Pantheon)

Best Penciller/Inker or Penciller/Inker Team
Ramón K. Pérez, Jim Henson's Tale of Sand (Archaia)

Best Cover Artist
Francesco Francavilla, Black Panther (Marvel); Lone Ranger, Lone Ranger/Zorro, Dark Shadows, Warlord of Mars (Dynamite); Archie Meets Kiss (Archie)

Best Coloring
Laura Allred, iZombie (Vertigo/DC); Madman All-New Giant-Size Super-Ginchy Special (Image)

Best Lettering
Stan Sakai, Usagi Yojimbo (Dark Horse)

Best Comics-Related Journalism
The Comics Reporter, produced by Tom Spurgeon, www.comicsreporter.com

Best Educational/Academic Work (tie)
Cartooning: Philosophy & Practice, by Ivan Brunetti (Yale University Press)
Hand of Fire: The Comics Art of Jack Kirby, by Charles Hatfield (University Press of Mississippi)

Best Comics-Related Book
MetaMaus, by Art Spiegelman (Pantheon)

Best Publication Design
Jim Henson's Tale of Sand, designed by Eric Skillman (Archaia)

Hall of Fame
Judges' Choices: Rudolf Dirks, Harry Lucey
Bill Blackbeard, Richard Corben, Katsuhiro Otomo, Gilbert Shelton

Russ Manning Promising Newcomer Award:
Tyler Crook

Bob Clampett Humanitarian Award:
Morrie Turner

Bill Finger Excellence in Comic Book Writing Award:
Frank Doyle, Steve Skeates

Will Eisner Spirit of Comics Retailer Award:
Akira Comics, Madrid, Spain - Jesus Marugan Escobar and
The Dragon, Guelph, ON, Canada - Jennifer Haines

The Eisner Awards are part of, and underwritten by, Comic-Con International, a nonprofit educational organization dedicated to creating awareness of and appreciation for comics and related popular art forms, primarily through the presentation of conventions and events that celebrate the historic and ongoing contributions of comics to art and culture.

Como podem reparar a DC Comics ficou a "chuchar no dedo"...

Boas leituras!

Apresentação no CNBDI O Infante Portugal e As Sombras Mutantes

O CNBDI promove a apresentação no 19, do livro de José de Matos-Cruz, ilustrado por Daniel Maia e Susana Resende entre outros.
Passo a apresentar a nota de imprensa:

O Infante Portugal apresentado no CNBDI

No âmbito das iniciativas que culminam a saga de O INFANTE PORTUGAL, decorre no próximo dia 19 de Julho (5ª-feira), pelas 19 horas, no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem (Av. do Brasil, 52-A, Amadora), uma apresentação comentada de O Infante Portugal e As Sombras Mutantes, com presença do autor José de Matos-Cruz e Fernanda Frazão (Apenas Livros), bem como de vários ilustradores que participam na publicação.

Conto com a sua presença e participação!

Entretanto, e até 26 de Agosto (10h-18h), continuará patente na Fundação D. Luís I/Centro Cultural de Cascais (Av. Rei Humberto II de Itália), a mostra colectiva ENTRE:VISÕES – O INFANTE PORTUGAL E AS SOMBRAS MUTANTES*, a qual encabeça outras manifestações alusivas e expositivas que irão assinalar o âmbito global da trilogia - envolvendo, pois, os livros AS TRAMÓIAS CAPITAIS e A ÍNTIMA CAPITULAÇÂO.


Não tenho nada contra, antes pelo contrário, que o CNBDI dê este ênfase a um livro ilustrado. Mas também acho que estes encontros se tornariam muito mais interessantes na minha óptica se se falasse de títulos recentes editados em português, em vez de falar apenas de livros antigos e autores importantes na BD portuguesa, mas também já na curva descendente. Era bom começar a trazer os novos autores e livros de BD recentes para discussão quando houver mais "5ª feiras". Se calhar a mim apanhavam-me lá de vez em quando se o programa fosse mais atractivo neste aspecto. O que eu gosto mesmo é de BD, e gostaria de ouvir falar autores de BD sobre as suas BDs, ou mesmo criar um núcleo de discussão para livros de autores estrangeiros editados em português.

Boas leituras

domingo, 15 de julho de 2012

Entrevista: Mário Freitas (Autor, Organizador de Eventos e Lojista especializado em BD)


O Leituras de BD apresenta uma hoje entrevista a Mário Freitas.
Possui a loja especializada em BD, a Kingpin, responsável pela editora de BD "Kingpin Books" argumentista de BD, e organizador do evento de Banda Desenhada "Anicomics".
Como podem ver toca muitos instrumentos no panorama bedéfilo nacional, e nem sempre é bem compreendido.
Conhecido pelas suas opiniões muitas vezes politicamente incorrectas e polémicas, tenta sempre dar um abanão na dormência em que esta arte vai estagnando em Portugal.
Perante isto é sempre uma boa "vítima" para uma entrevista, e assim o Leituras de BD apresenta:

Entrevista a Mário Miguel de Freitas

Para nos situarmos nesta entrevista, em que muitas pessoas que vão ler não te conhecem, como te vês a ti próprio?

Sou um autor e editor de BD que gosta de se desafiar criativa e intelectualmente. Alguém que odeia dogmas, chavões e frases feitas e que tem por hábito questionar o porquê das coisas; acho que nunca cresci nesse aspecto. Falando do que interessa aos leitores do blog, gosto de pensar em mim como alguém que pensa a BD e analisa a BD como o “animal” único e específico que é. Sou uma pessoa exigente - sobretudo comigo próprio -, crítica e sincera. Procurem-me, se o que pretendem é uma opinião construtiva; não o façam, se o que querem é um elogio vácuo e uma palmadinha nas costas.

Como te situas no panorama da BD em Portugal?

Ainda hoje me vejo como um outsider, na medida em que não tenho formação artística e já entrei neste mundo tarde, aos 27 anos enquanto livreiro, e aos 34 enquanto autor. Porém, sou persistente e a minha curva de aprendizagem é rápida, pelo que, ao longo destes últimos 13 anos, tenho vindo a fazer tudo para recuperar o atraso, digamos assim. E acho que não me tenho dado nada mal.

Gosto de pensar em mim e que me vejam como alguém com uma visão integral e tranversal da BD, desde a génese da história até à edição final, passando por toda a envolvência cultural e comercial. Já escrevi, arte-finalizei, colori, legendei, fiz designs e paginei livros de BD; já escrevi críticas e ensaios; já ministrei cursos e masterclasses; já organizei eventos e exposições; já convidei autores estrangeiros e já moderei e participei em debates; para além, claro, da comercialização de BD, que é a minha profissão a tempo inteiro. Pela minha parte, sinto-me preenchido (mas jamais satisfeito), mas cabe aos outros julgar a qualidade do que tenho feito até agora. Costuma dizer-se que os outros nos julgam por aquilo que já fizemos, enquanto nós nos julgamos por aquilo que sabemos ser capazes de fazer. É possível que exista aqui um desencontro entre o que a maioria das pessoas pensa de mim e aquilo que eu gostaria que elas efectivamente pensassem; mas conto andar por aí muitos mais anos e continuar a fazer mais coisas, pelo que ainda não perdi a esperança de aproximar essa opinião das minhas expectativas.


Qual a tua opinião sobre a BD actual em Portugal e os principais bloqueios de que sofre?

Portugal é um país de grande potencial criativo e artístico e, na BD, não foge a essa regra. A nossa localização geográfica e predisposição cultural histórica torna-nos num sorvedor positivo de várias influências, das mais diversas proveniências. Lembro-me do CB Cebulski, actual vice-presidente da Marvel, ter dito em 2009, quando visitou Lisboa, que os artistas portugueses eram de uma grande originalidade e diversidade e não estavam colados a um único estilo ou escola, como acontecia com os espanhóis, franceses ou italianos. Isto deve-se certamente à tal absorção e posterior fusão de inúmeras influências, desde o franco-belga e o mangá, até aos comics americanos e à BD sul-americana. Dito isto, há todo um rol de problemas e obstáculos, que só se têm vindo a agravar ao longo dos últimos 15 anos.

Primeiro que tudo, a dimensão do país e a falta de dimensão cultural do mesmo, que acabam por se reflectir na exiguidade do mercado português de BD. Sem massa crítica de compradores, não se gera dinheiro; sem dinheiro, não se gera produção; sem produção suficiente, não se gera selecção e qualidade. Depois, a produção reduzida dos autores de qualidade ou, sobretudo, de autores de qualidade que publiquem álbuns em português. Assusta-me pensar na quantidade de óptimos autores, nomeadamente artistas, que não têm editado um álbum completo, só deles, em português. Há ainda excelentes artistas que têm um ritmo de produção absolutamente risível, ao ponto de nem poderem ser considerados como potenciais criadores de um álbum anual. Artistas com potencial há muitos, carradas deles! Mas além da preguiça, ou de outras prioridades, há aqueles que são incapazes de evoluírem e de se tornarem, efectivamente, no artista a sério que prometeram.

Outra questão falaciosa é a de haver “poucos argumentistas de qualidade”. Mesmo havendo poucos, e quase nenhum a tempo inteiro, qualquer deles tem, ou teria, capacidade de escrever dois ou três álbuns por ano, houvesse mercado para isso ou artistas disponíveis para os desenhar. E caramba, querem nomes de argumentistas de BD, capazes de escrever para BD, usando a linguagem da própria BD? O Rui Lacas, o Pedro Brito, o Miguel Rocha, o Nuno Saraiva, sendo predominantemente artistas, já mostraram que conseguem escrever excelentes
histórias! Depois há o José Carlos Fernandes, o Rui Zink, o João Paulo Cotrim, o Marcos Farrajota (que escreveu óptimos argumentos comerciais para o Fazenda), o Lameiras e o Ramalho Santos; isto já é muita gente! O André Oliveira está a aparecer mais agora e só lhe falta uma obra maior, de fundo, para provar se tem o que é preciso. E deixei para o fim os argumentistas que têm sido editados pela Kingpin Books, e onde se calhar se encontram os mais criativos e mais originais dos últimos anos: o David Soares, o Fernando Dordio, o Nuno Duarte e eu próprio. Lá está, há quem diga que só se lembra de dois ou três, eu só aqui contabilizei 15... Houvesse um mercado real de BD em Portugal e o correspondente retorno financeiro, e não duvido que bastavam estes nomes que eu mencionei para assegurar uma produção realmente relevante. E havendo isso que referi atrás, outros bons apareceriam decerto.

Não posso deixar de referir ainda o velho hábito português de misturar e baralhar tudo ou de entregar as coisas certas às pessoas erradas.
Tem alguma lógica que exista um curso superior de banda desenhada (em Guimarães) e as pessoas que ministram (ou ministraram) essa licenciatura sejam nomes totalmente desconhecidos da BD em Portugal? Com a honrosa excepção de um eminente teórico como o Pedro Vieira de Moura, não conheço, da parte de nenhum dos outros nomes, uma única palavra escrita sobre BD, uma única história escrita para BD, ou uma única prancha desenhada para BD. E mais: esse vício terrível e enervante de enfiar a BD no mesmo saco da ilustração, pior ainda, de subalternizar a BD à ilustração, como se de uma “coisa” menor se tratasse. Faz tanto sentido misturar um curso de BD com ilustração, como faria misturar BD com escrita criativa/literatura; mas não vejo praticamente ninguém a fazer isso. Enfim, acho que estamos quase todos fartos de cursos, cursinhos, mostras e exposições, pagos a peso de ouro, que pouco mais fazem do que criar ou alimentar pseudo-intelectuais alheados da realidade.


Como achas que se pode dar a volta a esta situação quase confrangedora da BD em português?

Se clonássemos o David Soares e o Osvaldo Medina e ficássemos com 5 de cada, só isso resultaria nuns 15 álbuns novos, todos os anos. O David é um escritor profissional e isso reflecte-se na facilidade e velocidade com que ele escreve um argumento completo para BD, layouts incluídos. Mais nenhum argumentista se compara, sequer, ao ritmo de produção dele. E o mesmo é válido para o Osvaldo, que desenha como respira e não está sujeito às preguicites e outros estados de espírito improdutivos que costumam assolar a maioria dos outros artistas. São ambos uma coisa raríssima: muito rápidos e muito bons.

Ainda assim, voltamos sempre ao mesmo: era preciso que houvesse mercado e colocação destes livros nas prateleiras. E, antes disso, era preciso começar a mudar as mentalidades, logo a partir dos primeiros anos escolares. Só que, para começar a educar as crianças desde tenra idade, tem de haver formadores, quer na escola quer em casa, que tenham já eles próprios uma nova mentalidade. É fácil de perceber assim a cadeia de entraves logísticos e culturais que temos pela frente.

Mas sejamos práticos: procurando uma forma imediata de melhorar a situação, o que poderia ser feito? Simples: termos responsáveis livreiros, nomeadamente das principais cadeias portuguesas (Fnac, Bertrand, Leya), minimamente informados sobre BD e que soubessem lidar com a BD e expô-la condignamente ao público. Ver a BD relegada para um ghetto, bastas vezes misturada ou perdida no meio de livros infantis e catalogada como “publicação infanto-juvenil”, é uma dor de alma e um insulto que sofremos todos demasiadas vezes. E, neste caso, o mal nem se aplica apenas à BD portuguesa, mas sim à BD como um todo.

Outra solução óbvia seria expandir a co-edição, que tem havido entre editoras de BD e jornais diários de grande tiragem, a álbuns de BD de autores portugueses. Não precisaria de ser uma colecção imensa, mas facilmente me lembro de uns 10 álbuns que seriam dignos representantes do que se faz ou do que já se fez. Mas atenção! Uma coisa fundamental seria criar uma selecção que pudesse, de facto, criar um público novo ou, no mínimo, chamar à atenção dum público diferente. A minha principal crítica às colecções de BD que têm sido lançadas nesses moldes é que pouco mais fazem do que se dirigiriem e pregarem aos convertidos do costume. E, para além do conteúdo em si dessas BDs, seria fundamental apresentá-las num package moderno e atractivo, que se destacasse de alguma forma nas bancas. O design da esmagadora maioria dessas colecções tem sido inestético e anacrónico.

Claro que muitas destas críticas que tenho feito, e soluções que tenho apontado, têm sido recebidas com o clássico “lá está este a dizer mal e com a mania que sabe mais que os outros”. O mundo da BD portuguesa é pequeno e tende um bocadinho à palmadinha incestuosa nas costas; quem não o faz acabará, invariavelmente, acusado de não “remar para o mesmo lado”, o que quer que isso signifique. Eu gosto de pensar que, se há algum lado para onde reme, é para o lado da qualidade. Exigia-se uma maior capacidade crítica - sobretudo de auto-crítica -, e um maior poder de encaixe dos autores para que, aí sim, ficássemos todos a ganhar.


O que surgiu primeiro, o lojista, o editor ou o argumentista/arte-finalista?

Profissionalmente falando, foi o lojista, em 1999, o que não quer dizer que já não andasse antes com ideias criativas na minha cabeça. Na prática, foram essas ideias criativas que me levaram depois a assumir o desafio editorial em 2006.


O que falta para a editora Kingpin Books dar “o salto” (e por “salto” entende Portugal para além de Lisboa) comercialmente?

Os livros da Kingpin Books já estão noutros sítios para além de Lisboa: estão na Dr.Kartoon em Coimbra, na Mundo Fantasma no Porto e, enquanto duram as consignações específicas de cada livro, em várias lojas da Fnac. Agora, isso não invalida que a tiragem curta dos livros seja um entrave a uma maior expansão da sua distribuição, embora isto seja uma enorme pescadinha de rabo da boca: por um lado, a tiragem é curta não permitindo uma maior distribuição; por outro, a deficiência da distribuição de BD em Portugal desaconselha uma micro-editora como a minha a ser mais generosa nessa mesma tiragem.


Já, enquanto editor/autor/empresário, tentaste levar as tuas edições além fronteiras? Se a resposta por “sim”: Onde? Se a resposta for “não”: Porquê?

Ainda não, mas isso está no horizonte para breve. Alguns dos livros têm uma realidade demasiado portuguesa, nomeadamente o CAOS, mas outros há que, com maior ou menor adaptação, se encaixariam como uma luva noutros mercados, nomeadamente no europeu. Incluo neste lote A Fórmula da Felicidade e O Pequeno Deus Cego, e conto que os respectivos argumentistas possam fazer brevemente a necessária tradução.

Entretanto, o novo Super Pig: O Impaciente Inglês está a ser escrito parcialmente em inglês e tem uma história universalmente abrangente que seria certamente bem acolhida nos mercados anglófonos (desde que aguentem as revelações terríveis que eu faço sobre uma das vacas sagradas dos ingleses, o “velho bulldog” Winston Churchill). Confusos quanto ao “parcialmente em inglês”? A razão é simples: como acabei de aflorar, a história gira em volta de um artefacto singular outrora pertencente à corte britânica (estão a ver os livros de Dan Brown? Não tem NADA a ver) e é protagonizada por várias figuras históricas como a Rainha Isabel I, Oscar Wilde e Winston Churchill. Já experimentaram pôr estas figuras clássicas a falar português? Eu experimentei e odiei, pelo que comecei a escrever os diálogos directamente em inglês, diálogos esses que irão coexistir com outros em português, dependendo das personagens ou das situações. É uma experiência arriscada, que tenho plena noção que vai despertar a fúria de alguns puristas, mas é algo que considerei fundamental para conferir o feeling e a intenção narrativa que pretendo para a história.


Qual a publicação da tua editora em que tens mais orgulho?

Isto pode parecer politicamente correcto, mas é a mais pura das verdade: geralmente é aquela que acabei de editar. Empenho-me sempre de igual modo em todas as edições, sejam elas escritas por mim, pelo David, pelo Fernando ou pelo Nuno, e quaisquer que sejam os artistas envolvidos. E pugno sempre para que cada edição seja melhor que a anterior, do ponto de vista do package completo, do objecto específico que um livro é. Com a perda crescente que as edições em papel têm registado face às versões digitais, um livro tem de ser um objecto fisicamente agradável e atraente que dê vontade de ter. Presto o máximo de atenção ao design, à encadernação, à qualidade do papel, às margens e à paginação, e só tenho pena da impressão digital não atingir ainda a qualidade ou as possibilidades do off-set, para continuar a inovar nestes parâmetros. Dito isto, ainda não houve nenhuma edição que me tenha deixado 100% satisfeito, porque observo sempre detalhes na capa ou nos interiores que poderiam ter ficado com uma qualidade superior de impressão.


Quais vão ser as próximas apostas editoriais da Kingpin, e já agora a sua data estimada de saída para o público?

Este ano foi muito calmo e isso deveu-se mais a uma mera coincidência, do que propriamente a questões económicas. Ainda assim, conto que “O Baile”, do Nuno Duarte e da Joana Afonso (MUITA atenção a ela), seja finalmente publicado por ocasião do Amadora BD ou perto disso. Para 2013, sim, haverá - espero eu - muitas edições novas. No AniComics, o Fernando e o Osvaldo já tiveram oportunidade de falar do “Mindex”, um conto de ficção científica que se encontra agora em fase de desenvolvimento, o mesmo acontecendo com o “Palmas para o Esquilo”, do David Soares e do Pedro Serpa. Este último será um drama psicológico passado num asilo de loucos, no habitual registo de horror personalizado e inteligente a que o David já nos habituou. Ainda do David, poderá sair o “Sepulturas dos Pais”, um argumento a ser desenhado pelo André Coelho, um dos artistas que colaborou com o David no “É de noite que faço as perguntas”.


Para além disso, o Osvaldo anda a desenvolver um projecto a solo e, se bem o conheço, mal ele pegue nisso a sério, ficará pronto num ápice. Há pouco, falei igualmente do Super Pig: O Impaciente Inglês, o meu magnum opus, que tem andado enguiçado por motivos diversos, mas que conto que possa finalmente sair para o ano. Resta-me decidir se o irei dividir em dois volumes ou se editarei tudo de uma só vez (solução que me agradaria bastante mais, dado o impacto que a leitura integral da história teria, mas que tem o senão de implicar um preço de venda bastante superior, visto estarmos a falar de um álbum com 88 páginas).


Relativamente ao teu trabalho como argumentista, como lidas com os teus desenhadores na construção de uma BD? Dás-lhes muita ou pouca liberdade nos storyboards e quem é que geralmente os faz?

Dou-lhes a liberdade suficiente, nunca me esquecendo que o argumentista sou eu e os artistas são eles. Eu tenho uma forma muito visual de pensar, até porque também sei fazer uns rabiscos, por isso, quando penso numa cena, tenho geralmente uma ideia bastante concreta do que pretendo para a arte. Ser-se argumentista de BD implica sermos nós a ditar o ritmo da história e o ritmo das cenas e, nesse sentido, é fulcral que sejamos muitas vezes “ditatoriais” na descrição do que pretendemos. É evidente que nada disto é estanque e que o grau de flexibilidade é variável consoante o artista com quem se trabalha e o grau de confiança ou empatia que temos com ele. Além de que eu gosto de escrever coisas que tirem o melhor partido dos pontos fortes e características de cada artista específico.

A dado momento, por exemplo, as minhas colaborações com o Carlos Pedro (1º artista do Super Pig) passaram a ser muito orgânicas, e os layouts eram definidos em conjunto, durante meetings informais que fazíamos aqui na loja; discutíamos a minha ideia original e ele procurava, se caso disso, formas mais dinâmicas de a pôr em prática. Com o GEvan.., o método foi muito diferente, porque ele é sobretudo um ilustrador, por oposição a um narrador visual. Com ele, optei por explorar mais o design das páginas e as formas geométricas e é por isso que surgem páginas com relógios, grades de prisão ou gráficos de cotações de mercado a servirem de vinheta. Quando pretendo algo assim tão específico, sou eu próprio que faço os layouts/storyboards, até porque gosto destas soluções imaginativas e menos óbvias e gosto de “brincar” com a linguagem da BD. O plano do papel não é um tela de cinema e a forma de contar uma história em BD é muito própria e pode ser explorada de diversas formas. Não faz sentido nenhum usarmos a BD para contar as histórias do mesmo modo que o faríamos no cinema ou na TV. O tempo dos “widescreen comics” já lá vai e só resultou enquanto foi novidade; de resto, esgotou-se num ápice.

Outra das ferramentas que mais tenho vindo a explorar na escrita do novo livro (Super Pig: O Impaciente Inglês) é a utilização de pausas e repetições narrativas e essa é uma das coisas que melhor distingue um storyboard de cinema de um layout de BD. E é das coisas que melhor serve para controlar o impacto emocional das cenas e o pacing, o ritmo da própria BD. Eu digo há muitos anos que o que distingue os melhores argumentistas dos outros é o pacing narrativo e nada mais. Há vários argumentistas com excelentes ideias e uma escrita fluida e eloquente, mas a quem falta a imaginação visual e o sentido rítmico para cadenciar as suas histórias na perfeição. Ter lido três obras completas do Naoki Urasawa, nos últimos anos, foi uma belíssima lição de ritmo narrativo. Os melhores japoneses, aliás, são grandes mestres nisso, e é uma pena a forma desastrada como certos autores americanos tentam copiar isso, não percebendo que a descompressão narrativa não são páginas e páginas seguidas de cabeças falantes a debitar diálogos redundantes (sim, Bendis, estou a olhar para ti). Um dos escritores americanos que já demonstrou há vários anos que sabe fazer isto como poucos é o JM DeMatteis, embora ajude sempre trabalhar com narradores visuais do calibre de Mike Zeck (em Spider-Man: Kraven's Last Hunt) e Sal Buscema (em Spider-Man: The Child Within).


Alguns lojistas especializados em BD queixam-se de tudo e mais alguma coisa no seu negócio. A Kingpin está nesse saco também?

Não, de todo; sou muito criterioso quanto aos sacos em que me enfio, e com quem me enfio nesses sacos. Acho que certas lojas deviam olhar mais para si próprias em vez de se queixarem de deus e do mundo. Eu é que se calhar devia queixar-me de algumas dessas lojas, porque não são benéficas para ninguém, com o percurso errático em que persistem: não trazem qualquer valor acrescentado para o cliente, muito menos para o mercado, e parecem daquelas baratas nojentas e irritantes que nunca mais morrem.


Tu és conhecido por fazer e fazer vários pequenos e grandes eventos. Para além do movimento de pessoas que consegues provocar, isso reflecte-se comercialmente?

Reflecte-se, claro, nem que seja pela lógica irrefutável dos números: mais pessoas aumentam automaticamente a probabilidade de mais vendas. E não se pode descurar a vertente promocional, claro: um visitante de um evento pode tornar-se num cliente da loja. Para além do AniComics, que é o tal evento maior que organizo, tenho apostado em festas periódicas aqui na loja, aproveitando o excelente espaço que tenho e proporcionando, em simultâneo, aos visitantes momentos de convívio e animação. Isso é cada vez mais fundamental na criação de um elo entre uma marca e os seus consumidores e na afirmação de uma identidade própria dessa marca. E parece-me inegável que a Kingpin Books tem uma identidade absolutamente distinta dos seus concorrentes mais directos.


Qual o evento em que participas comercialmente mais atractivo para a tua loja?

Do ponto de vista comercial, acaba por ser o Iberanime, porque vendo quase tanto quanto no Anicomics, mas não tenho nem metade das despesas e do trabalho. A máquina logística e promocional da Manz (organizadora do Iberanime) consegue de facto transformar esse evento num peso-pesadíssimo, como o comprovaram os quase 7.000 vistantes da última edição em Lisboa.


Falando de eventos, qual é tua opinião sobre os vários festivais e salões que se vão fazendo ao longo do ano em Portugal?

Honestamente, só vejo quatro eventos revelantes, sendo que um deles, o Iberanime, nem sequer é um evento de BD. O Amadora BD vem de dois anos muito maus, mas continua a dispor de condições e de uma tradição ímpares. O Festival de Beja tem enorme qualidade artística e excelentes conteúdos, mas a localização intrínseca e uma certa incapacidade em atrair um público exterior à BD não o tornam comercialmente atraente. O AniComics é uma aposta pessoal minha, um evento mais moderno e arejado e que visou reunir o melhor dos universos da BD e do entretenimento oriental, e o seu crescimento visível e continuado têm comprovado a viabilidade dessa aposta.

Aparte disto, há pequenos eventos interessantes e bem intencionados, e outros completamente anacrónicos, que se eternizam penosamente sempre nos mesmos moldes, sem qualquer capacidade ou vontade de se renovarem. Já não estamos nos anos 70 ou 80, pelo que a boa vontade, por si só, já não chega; aliás, diria que de nada serve, se não for devidamente acompanhada por uma pitada ou duas de rasgo e competência.


És mesmo arrogante, ou isso faz parte do “boneco” que criaste para ti mesmo?

Isso de bonecos e personas é para o Mourinho. Ele está inserido num mundo-cão que envolve milhões como é o futebol, pelo que percebo perfeitamente porque o faz. Eu sou apenas o “maior” de uma aldeia muito pequena, pelo que me limito a ser eu próprio. É claro que quem diz o que pensa e quem tem opiniões muito vincadas torna-se um alvo fácil ou, pelo menos, preferencial. Essa do “arrogante” deve vir daí, mas desculpem se não alinho em falsas modéstias ou se não peço desculpa por existir. Nunca ninguém me ouviu ou ouvirá vangloriar-me de coisas que não fiz ou de qualidades que não tenho. E acho que o respeito e amizade duradoura que os meus principais colaboradores têm por mim diz bem do meu comportamento para com as pessoas e aquilo que eu sou verdadeiramente.


Melhor obra de BD de sempre?

Ui... Depende do momento da vida ou do estado de espírito. Se pesar o impacto emocional, houve várias coisas que me marcaram. O Spider-Man: Kraven’s Last Hunt, por exemplo, foi um murro no estômago dos meus tenros 16 anos de então. Em termos de inovação e quebra dos cânones, há duas histórias em particular que nunca esqueço: Swamp Thing nº21 (The Anatomy Lesson), o primeiro número integral do Alan Moore no título, e que, mais do que uma lição de anatomia, é uma portentosa lição de escrita; e Animal Man nº26 (Deus Ex-Machina), onde Grant Morrison termina uma saga, já por si brilhante, revelando-se ao protagonista como o responsável por todos os seus infortúnios.

Não posso deixar ainda de mencionar The Invisibles, que me revelou a verdadeira natureza do universo; All Star Superman, a história perfeita de super-heróis, com uma simbiose perfeita entre escrita e arte; e Asterios Polyp, de David Mazzucchelli, um verdadeiro compêndio de (quase) todas as possibilidades artísticas e narrativas que a BD pode oferecer.


Qual o teu artista favorito?

Frank Quitely. Tem o talento único de fazer com que tudo pareça simples de desenhar. É de uma elegância e de uma economia narrativa inimitáveis.


Arte-Finalista?

Nisso não tenho mesmo um único favorito, mas posso mencionar Jim Mooney, Al Williamson, Wally Wood, Joe Sinnott, Tim Townsend (vá lá: um vivo em cinco)...


Escritor de Banda Desenhada?

Grant Morrison. Não é tão estruturado ou eloquente quanto Alan Moore, mas é mais capaz de me supreender e de me levar a descobrir coisas diferentes. E leva-se menos a sério.


E agora perguntas tontas… prato de comida preferido?

Já que uma intolerância alimentar me impediu de continuar a saborear lulas das boas, qualquer naco de carne saboroso e suculento é imbatível. E, sim, evitem pedir carne de vaca bem passada na minha presença, se não querem ouvir um sermão.


Melhor música de sempre?

Isso é tão ou mais difícil que escolher a “melhor” BD de sempre (acho que a palavra “favorita”, ainda assim, se adequa melhor). Algo tão estático não casa bem com a minha perspectiva de evolução contínua. De qualquer forma, e só para dar um exemplo, “Bigmouth Strikes Again”, dos Smiths, já me acompanha há 25 anos.


Como é para ti um dia perfeito?

Um dia em que a minha cabeça esteja totalmente livre de preocupações, na companhia de pessoas que me sejam queridas. Se puder acrescentar a isso algo de criativo ou produtivo, tanto melhor.


Se o mundo acabasse para ti amanhã, como gostarias de ser lembrado?

Um pessoa diferente. Uma pessoa especial.

Espera que a entrevista tenha agradado!

Boas leituras!

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