segunda-feira, 18 de maio de 2015

Lone Wolf and Cub: Parte III - Conclusão


Esta é a terceira e última parte de um artigo acerca da obra Lone Wolf and Cub. As duas primeiras partes podem-nas ler aqui:
 
Lone Wolf and Cub: Parte I - Introdução

Lone Wolf and Cub: Parte II - Obra

 
Poder-lhe-ia chamar a esta parte, a parte final: Lone Wolf and Cub - Influência; em vez de, simplesmente, conclusão. Sim, Lone Wolf and Cub teve uma forte influência na arte de diversos artistas que lhe seguiram (como já, sumariamente, me referi) mas não só. Foi levado para os ecrãs: tanto para os grandes (cinema) como para os pequenos (televisão). E tem sido alvo de sequelas, reestruturações dramáticas, em formato manga, mais ou menos inspiradas na história original.

Acho que todos temos um pouco dessa necessidade de preservar a memória que temos das nossas histórias favoritas, custa-nos admitir «É perfeito, não admite sequela, é impossível fazer melhor!». Rapidamente nos habituamos à ideia, ou seja, seja melhor ou pior, o que se pede é que respeite o original e, faltar ao respeito ao original «É que não!»... bem, em abono da verdade, é difícil que o "desrespeite", o original «É intocável.». Quero com isto dizer, a arte, as ideias, são de todos (para usufruto e manipulação), são do mundo. Não o fossem, não teriam o impacto que têm. Fazer delas algo de novo, compete-nos: criadores; artistas; leitores.

Farei um breve retrato da série original adaptada para o cinema, baseada directamente na obra Lone Wolf and Cub: a série Baby Cart. Falarei um pouco sobre a sequela, New Lone Wolf and Cub, pelo cunho do argumentista Kazuo Koike, assim como de uma readaptação para o género ficção científica: Lone Wolf 2100.


No cinema (série Baby Cart)
 
Os filmes são fiéis ao original. A adaptação, à conta dos constrangimentos temporais naturais do formato, usa-se de vários capítulos, várias cenas de Lone Wolf and Cub que, reorganizadas de uma forma inteligente, conseguem emprestar um fio condutor que nos "agarra" à tela. Talvez porque os autores, Koike e Kojima, estiveram muito envolvidos na sua montagem, talvez.

A série de filmes a que me refiro é a seguinte: Sword of Vengeance, 1972; Baby Cart at the River Styx, 1972; Baby Cart to Hades, 1972; Baby Cart in Peril, 1972; Baby Cart in the Land of Demons, 1973; White Heaven in Hell, 1974. Quero dizer, os filmes são rodados na década de setenta, por altura da criação da própria manga, pelo que: não contem com efeitos "muito" especiais.























  



Aliás, as cenas de gore fazem lembrar as cenas gore de filmes posteriores, como Kill Bill de Tarantino, por exemplo, são cenas ridículas, na verdadeira acepção da palavra, mas de um género de ridículo que lhe dá "piada", porque tudo o resto: é muito sério. Ou seja, das cabeças e dos membros decepados jorram litros de sangue em repuxo, de um tom vermelhão que mais nos faz crer que se trata de tinta, e não de sangue.
 
Depois, há todo um género de sensibilidade que ainda consigo admirar em cinema, que é uma forma de filmar, de fotografar, que não se reduz ao cliché, que ainda me consegue surpreender. Uma cena que me captou a atenção, por exemplo, é a de que num desses massacres protagonizados por Ogami Ittō a câmara encontra-se por debaixo de um móvel e só nos damos conta do movimento dos pés dos personagens «Esses pés dançam! Uma espécie de sapateado.». E, à medida que os pés vão saindo e entrando em cena, conseguimos imaginar a cena de violência, os corpos a caírem, sem que, para tal, o espectador recorra a mais algo que não seja a sua própria imaginação.

Quero, no entanto, deixar claro que, na minha opinião, os filmes não fazem totalmente jus à qualidade da obra no seu formato original, a manga. Alguns dos seus aspectos importantes, aos quais me referi na segunda parte deste artigo, ficam aquém do que poderiam eventualmente ser explorados: principalmente a sua componente mais espiritual. De qualquer das formas, são objectos da sétima arte inegavelmente curiosos.


New Lone Wolf and Cub 
 
Shin Lone Wolf and Cub, ou New Lone Wolf and Cub, é a sequela principal. Chegada até nós pelas mãos de Kazuo Koike (argumento) e Hideki Mori (desenho), a história continua exactamente no ponto em que a história original acaba. Aqui, no blogue leituras de BD, podem ler o anúncio do seu lançamento pela Dark Horse em:
  
Nova série Lone Wolf and the Cub para 2014 na Dark Horse 




Eu, infelizmente, à data de hoje apenas consegui ler o primeiro volume «Claro está! Fiquei com vontade de ler o resto.». A seu favor está o facto de o argumentista ser o mesmo, Kazuo Koike, e o desenhador, Hideki Mori, ser um confesso entusiasta do trabalho de Goseki Kojima (razão que o terá eventualmente levado ao desenho).


Aliás, o trabalho de Hideki Mori em New Lone Wolf and Cub reflecte isso mesmo, é um trabalho muito próximo à arte de Goseki Kojima. Embora, na minha opinião, haja algo na arte deste último (algo que não vos consigo definir completamente) que me leva a não gostar tanto do desenho das expressões, da transmissão de sentimentos e emoções, por parte das personagens.


A história, é simples e concisa, mas é-me difícil de a avaliar sem ter tido acesso à obra completa. Confesso que, para já «esperava algo mais inovador da parte de Kazuo Koike». A história dá uma reviravolta, as personagens mudam mas o enredo mantém-se idêntico, Ogami Daigorō e um novo personagem, o samurai Tōgō Shigekata, trilham os caminhos da Japão feudal com a ajuda do, já mítico, carrinho de bebé.


Lone Wolf 2100
 
Não entrarei em grandes detalhes, fica aqui a curiosidade. Lone Wolf 2100 é uma versão reinventada, do imaginário Lone Wolf and Cub, transposta para um cenário pós apocalíptico (ficção científica). Trazida até nós por Mike Kennedy (argumento) e Francisco Ruiz Velasco (desenho): Daisy Ogami é filha de um cientista de renome, Itto é o guarda costas de seu pai (um robô de guerra); ambos tentam escapar aos planos da corporação Cygnat Owari.

A obra é de 2002, dois anos antes da sequela New Lone Wolf and Cub, uma altura em que Kazuo Koike "voltava do fundo de um local bem escuro", ainda recuperava do luto pela morte de Goseki Kojima. No entanto, ao que parece, terá tido um envolvimento indirecto na mesma. Aqui vos deixo, a capa.


 
Boas Leituras

(Fim)

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