quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Os Comics e os Anos 90: Wizard Magazine [9]



Uma revista que foi um emblema da década de 90. Surgiu em 1991 e durou uns bons 20 anos (última edição em 2011), mas para falar dela temos o Hugo Silva!

Wizard Magazine

É impossível falar nos comics dos anos 90, sem falar na revista que nos dava as principais notícias e reportagens desse mundo, a revista Wizard. Num mundo ainda sem Internet, ou com a mesma a velocidade de caracol, esta revista proporcionava-nos um bom momento a ler sobre tudo aquilo relacionado com aquilo que mais gostávamos, a banda desenhada.
























Não era complicado encontrar a Wizard cá por Portugal, havia sempre uma ou outra papelaria que tinham a mesma junto de outras publicações importadas (por vezes até um ou outro comic solto) e muitas vezes dentro de um plástico protector devido a trazer algum brinde ou apenas somente para protecção da revista. Era um pouco cara, mais de Mil escudos pelo que me recordo, mas “compensava” bem, ficávamos assim a conhecer melhor algumas nuances do mercado dos comics e não só, já que ela também trazia artigos e reportagens sobre filmes e televisão.


A revista foi lançada em Julho de 1991, criação de Gareb Shamus que tinha acabado de sair da Faculdade e achou que uma publicação do género poderia atingir o sucesso. Algo que acabou mesmo por acontecer, a revista começou a ter alguma importância no meio devido a divulgar novos projectos e publicitar assim novos títulos, a sua lista de preços de revistas foi bastante importante e chegou a ajudar a criar outras revistas como a Toyfare, mais dedicada aos action figures e afins.

Mais tarde chegou a publicar comics, com artistas de renome como Garth Ennis ou Mark Waid, e até a ter uma mega convenção com o seu nome e à entrega anual de prémios aos nomes mais importantes da indústria. Tudo isto num estilo leve e descontraído, com muito humor à mistura, arte bonita (ou não), fotos e reportagens a fundo que nos davam a conhecer um pouco mais sobre um mundo do qual não tínhamos assim muita informação.


Comprei a minha primeira Wizard numa papelaria em Cascais, apenas para matar o tempo enquanto ia para a praia, mas fiquei completamente viciado. O estilo simples e divertido agarrou-me, aquilo tinha um Wolverine na capa e vinha com algo como um guia das melhores histórias do herói para além de reportagens engraçadas como os piores uniformes que já tinham sido criados ou uma lista qualquer de algo que nunca me passaria pela cabeça como as compras de supermercado do Batman.

Mais tarde comecei a comprar regularmente nas lojas de BD da nossa grande Lisboa, e confesso que era mesmo fã da revista, gostava quando vinha grandes entrevistas com autores como o John Byrne ou aqueles cursos que vinham de desenho e afins. Gostava também de quando tentavam imaginar um elenco para um filme de super heróis, das sugestões de leitura ou dos dossiers do género “Os piores Vingadores”.
A revista tinha sempre grandes capas, muitas vezes o mesmo número tinha mais que uma capa, e feitas pelos artistas na berra do momento. A Wizard tinha uma forte ligação com a Image, apoiava bastante a editora e publicitava muito os seus produtos, daí os títulos, artistas e pessoas relacionadas com a Image eram presença constante nas suas páginas.
























Tinha amigos que adoravam ver os cursos de desenho que vinham na revista, chegou a vir um mais relacionado com Manga e outro do Greg Capullo que fizeram muito sucesso e ajudaram alguns jovens artistas a melhorar o seu traço. Era o lado útil da Wizard ao vir ao de cima, a provar que não era uma revista descartável e que podia sempre ser relida.

Aliás confesso que ainda tenho as minhas edições todas, e que por vezes no WC são uma óptima companhia , assim como a sua versão Brasileira, que conseguiu captar o mesmo espírito e humor da versão norte-americana.


Essa versão foi editada pela Globo começando a ser publicada em 1996, chegando a Portugal pouco depois (juntamente com as revistas da Image que a editora publicava), e tinha entre artigos, reportagens e entrevistas traduzidas da versão original, alguns artigos originais e colunas bem interessantes como a do conhecido colaborador da Abril, Jotapê. Na sua coluna, Jota chegou a abordar a polémica questão de cortes nas páginas da Editora Abril, entre outros assuntos onde não tinha receio de emitir a sua opinião.
























A revista tinha mais humor do que a versão original, típico do à vontade do povo brasileiro e do seu bom humor, e era tão ou mais interessante que a Wizard Americana. Tenho todas as edições e já as reli mais que uma vez.

A revista americana foi sofrendo diversas alterações, o Cinema e a TV começaram a ganhar um maior destaque, a lista de preços e action figures foi diminuindo e a dada altura até o humor começou a desaparecer daquelas páginas. Também já nos era um pouco indiferente, nessa altura já havia a Internet em força e a revista já não produzia o mesmo impacto que tinha quando divulgava spoilers ou dava a entender os rumos que um título ia ter no futuro.


Aliás eu comecei a ler algumas revistas com os #0 que a Wizard oferecia, como o #0 dos Thunderbolts ou os ½ comics que vinham também de oferta em alguns números. Foi uma publicação polémica e tudo a ver com a década onde foi publicada, chegou a ter alguns inimigos como o autor Frank Miller, que chegou a rasgar uma revista ao meio numa cerimónia de prémios e a chamá-la de “bíblia de Satanás” e um dos motivos pelo qual a indústria atravessava um mau bocado.

Por outro lado a revista ajudou alguns artistas a ficarem ainda mais conhecidos, como foi o caso de Alex Ross que colaborou constantemente com a revista com diversas capas, posteres e outro tipo de brindes de oferta. Mas sobre esse autor virá outro post nesta série de artigos dos anos

Texto: Hugo Silva


Podem aceder a todas as publicações do Hugo Silva no Leituras de BD clicando no nome dele, e visitar o seu blogue no seguinte link:
Ainda sou do Tempo...

Podem ver os outros posts "Anos 90" nos links:
Os Comics e os Anos 90: Image Comics - Youngblood
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - A Morte do Super-Homem
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - A Queda do Morcego
Os Comics e os Anos 90: Crossovers entre várias Editoras 
Os Comics e os Anos 90: Dark Horse - Hellboy
Os Comics e os Anos 90: Marvel - Onslaught 
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - Elseworlds: Golden Age
Os Comics e os Anos 90: Marvel - Heroes Reborn

No Domingo há mais!

Boas leituras




20 comentários:

  1. Saudade!! Um excelente revista sobre quadrinhos!!!

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  2. A wizard não foi publicada em Portugal, aqui foi em portugues e tudo... ainda tenho algumas...

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  3. Mas é isso que falo.. tivemos tanto a original como a da Globo nas bancas de Portugal

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  4. Eu gostava mais Globo que da a original,que descobri antes a custa de um amigo meu,achei a 1a muito lista telefónica,e comprei todas a wizards brasil mas já nao as tenho,depois substitua por uma versão espanhola,e em 1999 e 2000 e picos comprava os especiais quando achava interessante,o único comic que comprei a custa dela foi a run final de New X-Men que teve publicação integral dentro dela o 1 numero. :D

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  5. Por acaso tenho algumas Wizards, tanto americanas como brasileiras. ainda adquiri um ou outro número especial, incluindo um dedicado ao Wolverine (uma bíblia sobre o personagem). Os especiais dedicados ao posters eram muito bons. Sem dúvidas excelente material de leitura e releitura. A revista marcou uma época e com a chegada da internet acabou por sucumbir, mas para mim que sou muito agarrado ao formato papel, acho que ainda poderia existir. O trabalho jornalístico para a produzir com certeza era muito mais preciso do que muita da informação que anda espalhada na net sem qualidade, claro que esta é a minha opinião.
    Um abraço
    Nuno Dias

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  6. Eu saudades desta revista não tenho. Olho com nostalgia, apenas. Se dissesse que tinha saudades desta, era o mesmo que dizer que tenho saudades do tempo em que não havia internet ou telemóveis ou tablets, ou ainda se usava vhs, ou k7s audio ou disquetes ou máquinas fotográficas com rolo. Há coisas que evoluem e há que aceitar isso, e com a internet, a Wizard enquanto revista física deixou de servir o seu propósito enquanto principal meio de comunicação de informação sobre tudo a ver com comics. Mesmo no que respeita a artigos de opinião, reviews, ilutrações, etc... o que não faltam são sites, blogs, redes sociais a explorar isso.

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  7. Adriano
    Sim, existe possibilidades de download na internet!
    Basta procurares que encontras muito!
    ;)

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  8. Gaucho Negro
    Como disse o Hugo, nós cá tínhamos a original e a brasileira à venda!
    :D

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  9. Optimus
    Esta publicação surgiu numa altura que eu andava arredado da BD, mas mesmo assim li algumas, tanto a americana como a brasileira. Gostei das duas na altura.

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  10. Silentsoul
    Sim, a internet estragou o negócio deste tipo de revista informativa, ou não fosse um meio de informação global e em tempo real. As revistas deste género (não foi só a Wizard) sofreram a 100% com este meio mais rápido de informação...
    :\

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  11. Reignfire
    Eu não posso dizer que tenho saudades porque não li muitas! Achava interessante e continha alguma informação que só ela dava na altura.
    Lógico que agora seria quase obsoleta... é impossível competir com uma plataforma online em tempo real como a internet... a não ser que se transformasse completamente e oferecesse ao público coisas que digitalmente seria impossível, como outras fizeram.
    ;)

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  12. Execelente artigo, parabéns.

    Coleccionava com assiduidade esta revista até que a net a substituiu, como dizem. Adorei mas sempre preferi, apesar de diferente em conteúdo, uma revisto como a Amazing Heroes da década de 80.

    Hoje em dia colecciono com relativa assiduidade a Back Issue, que adoro.

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  13. SAM
    Nunca coleccionei revistas sobre BD... lol
    Preferia gastar o meu dinheiro em BD mesmo!
    ahahahhahah
    :D
    Leio quando me vêm parar à mão, mas não as compro só porque sim (só se trouxessem algum artigo muito importante para mim.
    :)

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  14. Bela matéria!
    Agora estou ao aguardo do assunto Alex Ross!
    Parabéns pela série noventista!

    Abraço!

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  15. Luan Zuchi
    Obrigado!
    O Alex Ross vai estar a cargo do Hugo Silva, que escreveu este sobre a Wizard!
    ;)

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  16. Esqueci-me de outro merito da Wizard fazer-me assinar todas a series Transformers da Dw foi atraves dela que soube do retorno deles e outras series mas só assinei esses. :D
    Muito me audaram a aguentar o Aranha do Mackie,X-men do Lobdell.

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  17. Adorei esta revista por tudo o que o Hugo Silva focou mas também e mais importante por outra coisa que agora muitos de nós nos esquecemos mas na altura foi muito importante para mim.
    Quando comprei a primeira vez a Wizard acho que devia andar no secundário e todos os meus amigos, apesar de não lerem BD, até 'aturavam' bem a minha psicose.
    No entanto não tinha ninguém com quem falar sobre alguns escritores de BD, ou sobre as técnicas que certos artistas usavam, não conhecia ninguém com quem pudesse partilhar as histórias de que mais gostava, não tinha local onde ler sobre os mesmos e sobre a industria, enfim, só lia mesmo Bd. Como também comprava na altura toda a minha Bd nos quiosques nos intervalos entre as aulas (saudades), também não tinha acesso à interacção que existem nas lojas da especialidade.
    Ora a Wizard não veio mudar nada disto, mas veio-me dizer que não era assim tão raro como isso haver pessoas que tivessem a paixão por BD que eu tinha. Hoje em dia com a internet é fácil uma pessoa esquecer-se do isolamento em relação a certos convivios que alguns de nós anteriormente viviamos. E como o meu irmão (da minha idade) largou a BD lá para os 12 anos, quando apareceu a Wizard algum tempo mais tarde foi como se de repente eu descobrisse que afinal tinha uma data de amigos no estrangeiro e que não estava assim tão sozinho nesta fixação pela BD.
    Era por isso que eu adorava quando havia uma nova Wizard no quiosque. Era como se chegassem uma data de amigos e dissessem "vamos lá conversar sobre Bd" :)

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  18. Luis Sanches
    Bem... nós éramos 5 irmãos e todos nós líamos BD.
    Claro que com o meu irmão era diferente, tínhamos os mesmo gostos!
    As minhas irmãs na altura ficavam pela Mónica e Disney.
    Portanto tive mais sorte, não estava sozinho!
    :)

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Bongadas

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